terça-feira, setembro 19, 2006

jean bodin, trip hop, baconzitos e gatorade.

kd aquele Eu com quem tô acostumado?

coisas estranhas vêm me acontecendo:
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ouvi duas músicas dos engenheiros do hawaii até o final e cantei-as, num intervalo de três dias.
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senti-me à vontade numa apresentação para um público qualificado anteontem e até graça fiz.
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lembrei dos seus olhos castanhos várias vezes durante o dia, sem motivo algum.
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despachei com um juiz que desconhecia hoje à tarde, sem nenhum traço de timidez.
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amanhã tenho duas audiências e não há sinal de nervosismo, nem apreensão.
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não sorri ao dizer boa tarde para as pessoas de que não gosto.
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compus uma mesa numa cerimônia trasdantontem e dividi o tempo pensando nas compras a fazer, na classificação do campeonato e em sexo.
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p.s. nada a ver com o até agora dito: felicidade - completei a trilogia de quatro filmes do tarantino.

segunda-feira, setembro 18, 2006

eu pra mim essa história tá totalmente fujimori, mas já que todo mundo perguntou, lá vamos nós: quando eu dividia a república com o golb, uma bela manhã, decidimos caio schimansky e eu ir até a rua veridiana, pra aprendermos capoeira. perguntamos pelo mestre sarará e nos matriculamos no ato. Primeira aula, aprender a ginga. Mestre sarará elogiou-me e eu me achei o próprio preto véio quando moço. Segunda aula, aprender o martelo e a benção de Deus. Novo elogio, alegria pro mizinfio. Terceira aula, o drama. O primeiro passo, o beabá da capoeira. Virar estrela. Pra poder entrar na roda. Caio schimansky parecia a ursa maior e quando me dirigi ao local adequado, a triste constatação. Eu não sei virar estrela. Tenta uma, duas, setenta e três vezes e nada. Nesse momento, a academia inteira já parara seus afazeres e, quando eu me virava pra eles todos, disfarçavam, limpavam a parede, olhavam o teto, tossiam. Eu estava moralmente estraçalhado. Mestre sarará, com raiva, táca um bancão de madeira no meio do salão e fala: agora vira aí. Eu fui e não tive outra alternativa senão fazer uma estrela direitinho. Se não (úia, aula de senão/se não, salve mister gramática), era o madureira esbugalhado pelo banco. Durante todos esses anos, golb tripudia. Qualquer alusão que de longe lhe lembre a estrela, passa a desfiar seu rosário de infames anedotas. E o pior é que se estou bêbado, consigo virar estrela direitinho. Quando comecei a fazer aikid0, a sina parecia repetir-se. Faço direitinho tenkhai achi, g0h0 tankham, ihrimi tenkham, mas quando chegou no 0shir0 kaithen 0kemi, que é uma queda com rolamento, pela diagonal entre o ombro e as costelas opostas, não saía. Golb viu-se imediatamente diante de novo motivo pra me impor suas chacotas, por mais uma década. Só que aprendi a fazer 0shir0 kaithen 0kemi. E agora sou o bambambam. Se bobear, até viro estrela. Sóbrio.

domingo, setembro 10, 2006

o jogo (jogo?)

Interessante como nada do que previ aconteceu, mas, mesmo assim, tudo que falei teve sentido. Menos o time contrário, que na verdade foi hoje o corintians, podia ser o XV de Piracicaba, ou o de Jaú, que daria tudo na mesma. As expulsões não permitiram ver nada do outro lado, as duas linhas de oito colocadas hoje pelo Leão poderiam ter ocorrido em qualquer outro timeco e, mesmo assim, hoje o muricy não teria sabido aproveitar.
Não ter tirado um zagueiro foi fundamental pra não vencermos. A cada dia torna-se mais evidente que a zaga não pode ser formada por edcarlos, fabão e pirulito, embora o primeiro venha crescendo e o último seja um futuro jogador de seleção. O que importa é hoje e, hoje, precisamos de um zagueiro que lembre ao menos de longe as características do lugano.
O souza não poderia ter saído. Até entendo que o kojak o expulsaria dali a vinte minutos, mas poderíamos ter feito um gol ali. Com oito estacas paradas naquele espaço, sem cruzar a partir da linha de fundo, não sairia gol. Os meias falharam, pois não houve triangulações, a outra das duas jogadas possíveis pra impedir o antijogo. Danilo e Lenilson não podem jogar juntos.
Mais uma vez, a judiação com o thiago se fez sentir. Ele não é ponta esquerda. Deixasse o Souza. Mas não, a gente acaba abrindo mão de um centroavante pra ele cobrir a posição de um lateral que vai à linha de fundo, que saiu pra entrar um novato que só tinha entrado no final de um único outro jogo.
O Muricy tem condições pra dar a volta por cima. Mas vejo muita dificuldade pra isso acontecer. Não há melhor técnico disponível, uma vez que Luxemburgo, Leão e Tite não sairão de seus times agora. Há um único técnico que entendo seja de igual pra melhor, mas depois de duas décadas, pra trazer o Cilinho novamente tem de ter culhão pra bancar. Eu apostaria, mas não sem antes dar todas as chances pro Muricy.
Daquela linha vertical do tricampeão mundial só precisa de mais um zagueiro pra repor o lugano, não canso de repetir. De resto, a volta do França seria boa, mas dá pra ser campeão brasileiro com os jogadores que temos. Só precisamos voltar a ter padrão de jogo. As vitórias e o título, virão naturalmente.

sábado, setembro 09, 2006

Um esporte bom é analisar jogo de futebol. Assim, com ar de boteco, de porta de farmácia, de padaria de fim de tarde, claro.
Para o tiozão que vê a molecada praticar canyonning, rapel, skydive e quetais e fica jururu ao visualizar a proeminência da sua barriga, eis a última alternativa para um esporte de aventura: analisar um jogo de futebol antes de ele acontecer.
Amanhã tem são paulo e corintians.
Minha parcela de torcedor, proporcional à quantidade de água no organismo humano, vislumbra o amoroso travado e sendo substituído no intervalo por um leão que adora sobressair-se diante de uma novidade, o magrão palestrinamente saudoso, errando passes fáceis no meio de campo, o restante do atual elenco dando aquelas cabeçadas e exalando o usual fedor de gambá pelo estádio, desestabilizada após o primeiro gol do souza, ao final do primeiro tempo, afoita ao iniciar o segundo e desesperada pelo gol que não sai, o que abre a porta pra thiago fazer o segundo, e o rogério ceni fechar a conta, já no fim de jogo. Vê ainda o barbie-mor, o carlos alberto, ser acertadamente expulso pela tentativa de quebrar a perna do richarlysson.
Mas a parcela racional vê nessa partida a maior chance de a galinhada pôr fim aos vexaminosos quatro anos sem ganhar do tricolaço. Não é de hoje que venho dizendo ser o Leão o segundo melhor técnico em atividade no Brasil. A pior besteira da porcada foi tê-lo mandado embora no primeiro semestre. Tiveram sorte de ressuscitar a carreira do tite. Depois do telê, o leão foi o melhor técnico do são paulo e atribuo a ele, não ao cuca, a formação do atual tricampeão mundial. Gosto bastante do Muricy, desejo a sua permanência no clube, embora veja um atual desgaste com o elenco. Desde antes das finais da Libertadores. Por isso fico apreensivo no quesito técnicos, por três motivos: o treinador deles ser o meu preferido; o treinador deles ter formado o nosso time; o nosso treinador não estar numa boa fase.
Quanto aos jogadores, individual e coletivamente, somos muito superiores. A vontade será a mesma, até acabo de criar uma frase agora, vai pegar, presta bem atenção: clássico é clássico.
Ocorre que o momento favorece aos marginais sem número. Eles vêm num crescente, estão se acertando. Nós estamos decaindo. O último jogo, contra o Boca, foi a foto do que digo agora, e veio seguindo o padrão dos últimos jogos. A defesa desarrumada com a saída de Diós Lugano, Não sei por que não pagam logo a rescisória do André Dias, sobram dois terços da grana da venda de Diós. Edcarlos vai levar um tempo ainda pra ser a revelação prometida por Cilinho. Um dia escreverei a verdade sobre o Edcarlos, que foi sacrificado para compor o elenco antes do tempo.
Há uma entidade em nosso meio-campo, formada pela simbiose Mineiro-Josué, que não estará em campo, pela suspensão deste. Zidanilo, considero um desrespeito a ele ser escalado. A cada dia aumenta contra si a fúria da torcida, que não percebe que ele está jogando com a mão quebrada, o ombro deslocado e tendinite no joelho e, ainda assim se esforça. Some-se a isso o fato de termos o Pelenílson, que só joga bem se não tiver de ocupar o mesmo espaço do Danilo.
Infelizmente o poderio de nosso ataque desfez-se muito rapidamente, ainda mais com Aloísio suspenso. Aposto minhas fichas no Leandro, já que não consigo entender o futebol do Thiago sendo desperdiçado nas pontas. Quero o cara na pequena área, pra mostrar pra molecada como o Careca um dia dominou aquele pedaço. Mas ainda vai levar um tempo pra verem isso.
Sei que é isso. Mesmo a parte racional torce e, portanto, nega-se a analisar o outro time.
Parte torcedor: 3x1 tricolor. Parte racional: 2x2 (não consigo, tenho 70% de água no corpo).
Só digo uma coisa: quebrem (no bom sentido, não o machuquem, só o encham de medo) o roger.

quinta-feira, setembro 07, 2006

histórias

Sobre a História do São Paulo eu não poderia dissertar. Falta saber muita coisa e sistematizar o que já sei. Mas qual é a mesa de bar composta apenas por sãopaulinos em que essa História não parece se sentar junto, elogiar os petiscos e reclamar do colarinho do chopp com o garçom?
Nesse viés, sem dissertações, dá pra falar sim. Saúde!
Na verdade, cada tricolor tem a sua História própria do clube, mesclada com a história de um tio querido, do pai homérico (fanático é pros gambás), dos amigos da escola, da família toda (meu caso), da vontade própria, contra tudo e contra todos.
Quem tem um tio mais moço, ou um pai, ou ambos, boleiros, já teve que os esperar após o almoço de domingo pra comida assentar, antes de jogar bola com eles. O assunto na minha espera era esse, a História do São Paulo, pelo qual nomes como Pedro Rocha, Forlan, Báuer, Rui, Noronha, Gérson, Leônidas, Friedenreich, Zizinho, Chicão, Teixeirinha, Canhoteiro, Terto, De Sordi, assim mesmo, desordenadamente, tornaram-se familiares, a ponto de todos nós, de trinta pra baixo, sabermos mais ou menos o estilo de jogo de cada um, dando até pra visualizar as jogadas, com um pouquinho de imaginação.
Minha história pessoal, no entanto, começa com os grandes Valdir Peres e Chulapa. Este, aos quatro anos eu tentava a todo tempo identificar em campo e me certificava quando a bola ia pro gol. era aquele mesmo. serginho diz às vezes que é casado com o santos, mas seu primeiro namoro foi com o são paulo. ídolo. Já Valdir Peres eu identificava pelo cabelo estranho, precursora da careca e hoje pelas defesas, precursoras da linhagem que passou pelo gigante Zetti, até chegar no Rogério Ceni, sem adjetivo. Pra que adjetivo?
Ainda naquela safra, logo em seguida aprendi a valorizar a zaga. Fácil fácil, pois o objeto de estudo era composto - só - por Daryo Pereira e Oscar. Aprendi também a ver outras funções, também sem dificuldade, pois quem me apontavam na tv eram o Mário e o Zé Sérgios.
A primeira carreata que me lembro foi em 80, repetida em 81, pelos paulistas. Muitas outras vieram, até agora há pouco, no tricampeonato mundial.
Ao longo delas, como foi bom acompanhar a seleção do Cilinho... De sem-pulo vêm Gilmar, os mesmos Oscar e Daryo Pereira, Falcão, Nelsinho, Pita (autor do gol mais bonito que já vi), Müller, Silas, Careca, Sidnei.
Aí já não sei se o que vemos na infância parece maior pro resto da vida, mas eu ponho esse time no mesmo patamar das seleções do Telê, em 91 e 92.
Essa era, aliás, não cabe nesse post. Deixo pro próximo, explicando apenas porque prefiro torcer pelo São Paulo, à seleção brasileira. Por causa desta, chorei na copa de 86, de tristeza. De alegria, mesmo, só pelo tricolor. Duas vezes, justamente em 91 e em 92.
Não sei se os demais tricolores concordam que há jogadores que deveriam estar em outra época. Se pudesse, eu deslocaria Ricardo Rocha, apesar de ter ganho um brasileiro, para um pouco antes ou um pouco depois. Em uma dessas duas seleções, que falei acima. Não consigo lembrar desse zagueiro sem visualizar uma antecipação sua. Mestre.
Mesmo depois da era Telê, o tricolor conseguiu ser grande. os títulos não tiveram tanta expressão, mas grandes jogadores continuaram passando e dando alegria. França, Denilson, Serginho, Raí de volta, Luis Fabiano, Kaka etc souberam segurar a bronca, em campo, enquanto o Morumba era reformado.
Outro post que dá pra fazer é um paralelo entre as reformas do morumbi e o desempenho do time. Mas agora chega, é feriado, mas vamos trabalhar.

sábado, setembro 02, 2006

Bola no pé

O futebol é de suma importância na minha vida. Conforme envelheço, a importância aumenta. E acho isso bom. É verdade que não fico mais tão triste com a derrota, não ligo mais pro golb quando o corintians toma gol, não saio querendo brigar (claro, nunca cheguei às vias de fato), mas não concebo meu cotidiano sem acompanhar um campeonato ou, nas férias, sem verificar contratações, 'empréstimos' e 'vendas' de jogadores.
Melhor ainda é torcer pelo São Paulo Futebol Clube. É inexplicável, tem que torcer pra saber, mas como quero adesão do leitor, deixo essa informação de lado e peço para tentar transferir esse sentimento pro seu time de coração, se outro e possível for.
Lamento a disparidade de poderio entre os times brasileiros (hipocrisia, só entre o são paulo) e os europeus. Essas negociações milionárias que acabaram de levar um moleque de 18 anos pro Arsenal trasdontontem, que causam interjeições de espanto em comentaristas e torcedores, sem se dar conta de que, primeiro, o futebol do moleque (há vida inteligente no Arsenal) vai valer três vezes mais, no mínimo, daqui a alguns anos e, segundo, uma negociação dessas somada às centenas de outras deixam o futebol praticado no Brasil mais próximo de uma imensa segunda divisão, sem aspirações de ascensão à primeira, de onde o Arsenal, por exemplo, não sairá tão cedo).
Lamento muitas outras coisas, que virão escritas em muitos outros posts.
Mas a satisfação é maior que a lamúria.
(Continua).

sexta-feira, setembro 01, 2006

Da série: eles não compreendem a minha arte -I-

vc conversaria mais tempo com quem te dissesse:

" teremos meios de reverter a situação caótica pela qual a sociedade sobrevive, não é mais vive, é sobrevive, ou vamos ter que recrudescer e usar a força, ainda que alguns direitos sejam momentaneamente mitigados..."

ou

"ah, praquela ali (o subscritor atesta: uma moça maravilhosa) eu andei comprano uuuns sapatiiiiiiiinho, uuumas borsiiiiiinha, levei comê uns lanchiiiiiiinho, acabei levano ela, mas na idade que eu tô, meu fio, eu fico memo só passano a mão, só passano a mão (instante de silêncio) tskah!, tá bão."

daí eu sei dizer que tá criado.

setembro começa mais feliz, com a criação disso aqui. dona sonia me falou na sexta (série) que isso aqui é muito vago e, vinte anos depois, eu lhe replico Que beleza! vou dissipar a vaguidão aos poucos.
muito provavelmente não dissipe nada, pq na verdade eu sou um psol meio tucano. crio uma dissidência sem jamais largar meu blog coletivo, o único, incomparável e irreparável madureiras. isso significa que meu psolzinho meia-boca da vila mariana (já que ninguém conhece mirandópolis mesmo) provavelmente fique às moscas, talvez eu até esqueça da sua existência.
talvez forneça ao pobre um postzinho placebo de quando em vez, só pra evitar o coma, ou então transfira pra cá meus posts desprezados no madureiras classe A. Agora, certamente eu, sempre quando quiser extravasar, bradarei aqui as glórias de meu tricolor paulista.
viva setembro, ora pois. daqui a uns dias faço um hino pra isso aqui. ou não, também.