domingo, março 27, 2011

OUTONO - III

Escrever pra vc é a certeza de que o texto vai sair verdadeiro, pq eu não sei se estou certo, mas na minha cabeça vc ganhou ares de onisciência, onde vc está. Então, se eu falo algo fake, vc na hora mata: fake! e daí perde o sentido de eu escrever pra vc.
Uma amiga falou que sou meio estranho, pq escrevo, em vez de "...acender uma vela, sei lah".
Talvez esses textos sejam minhas velas pra vc.
Semana passada folheei um livro: Manual do Arquiteto Descalço. Fiquei bem animado, mas quando eu vi o preço, devolvi à estante.
Pois pensei várias vezes nesse livro essa semana e hoje, ao passar na livraria, fiz dele o apoio para meu braço esquerdo, no momento em que maltraço estas.
Bioarquitetura, pai. Vc ia adorar. Ensina a construir casas harmônicas, ligadas ao entorno, material disponível no local, é um holandês radicado no Brasil.
Vc ia adorar.
E sabe que estou namorando. Sabe da cautela com que levo. Sabe que agora é tudo ou nada. Se bobear, sabe até se será tudo ou se será nada. Mas sabe que estou fazendo o certo em tentar.
Sabe também que dei um jeito naqueles lances lá. Eu sempre dou um jeito, suspeito até que tenho alguma ajudinha daí... Um dia vc me confirma.
Protocolei as contrarrazões e fui comer no raful, pra comemorar. Lembrei tanto de vc, vc deve ter ficado contente na hora.
Tenho conversado mais com a Naninha. A cada conversa, a constatação de que mal a conheço: ela gosta de coisas que não suspeitava: Napoleão Bonaparte, Woddy Allen e Ayrton Senna. Lembrei agora qdo ela falava Ariton Senna. A mamãe diz que ela ficou meio desestimulada com a morte do senna, quis largar ballet e tal. Não fazia ideia disso.
Minha meta está traçada, o contrato talvez eu assine essa semana, mudanças, mudanças...
Que vai ser de mim, pai?
Um beijo e bom outono!

terça-feira, março 22, 2011

OUTONO - II

Waiting in vain, é a música que escolhi para tentar falar novamente do outono.
O outono se assenhoreou.
Pois não é que não consigo mais falar dele como falava antes?
Por isso invoquei bob, pra me ajudar.
Sim, eu, uma vez mais, deveria estar dormindo.
Mas escrevo e escrevo e escrevo in vain.
Escrevo como se versos fossem, mas ponho pontos finais.
Como minhas primeiras cartas, em-que,-não-sei-por-que-motivo-eram-todas-as-palavras-separadas-por-hífen.
Não lembro se havia pontos finais. Existiam realmente muitos muitos hífens.
Enquanto penso um pouquinho, coloco dois stiksys na horizontal e vejo hífens salgados da elma chips.
Que palavra colocaria no meio?
Vc.
Eu quero isolar vc um instante do tempo e espaço, pra só existir vc.
Não era sobre o outono que eu ia falar?
Isolei a sensaçãozinha ardida de mistério que o entardecer de outono me dá. Mas ainda falta mais, falta muito mais.
E sinto que não vai sair nesse texto.
Porque esse texto está hifenizado com dois stiksys, vc ao meio, dançando bob marley em caraíva.
I don't wanna wait in vain, for your love.
Há alguns anos atrás, o allan me deu a dica de subir no viaduto perto de congonhas, salvo engano, pra ver o melhor sol de outono de são paulo.
Hoje o allan não deve mais ler aqui.
Muita gente que vai, muita gente que vem e vc, moça, vc permanece sob os dois stiksys: o do tempo e o do espaço. Dois stiksys nos quais se transformam os meus braços. Isoladinha ao som de bob marley.
O outono é circular. É elíptico. Repare bem.
Eu vou dormir e pedir pra sonhar com o outono.
E com vc circulando, not in vain.


domingo, março 20, 2011

Mais um outono. Devo ter escrito sobre os três últimos outonos, em suas respectivas chegadas. E penso em falar alguma coisa desde sexta, quando estaria num ânimo mais apropriado para tal. Mas se não falar agora me calo para sempre, então vejamos como sai.
É a minha estação preferida.
E a órfãzinha das estações, em geral. A imensa maioria prefere o verão; outros muitos, a primavera; não pouca gente prefere o frio do inverno. A minoria prefere o outono. Talvez porque não tenhamos as folhas de maples descoloridas caindo. Ou que todas estações deem algum fruto.
Mas eu prefiro o outono.
O céu e a sensaçãozinha ardida de mistério no fim do dia são imbatíveis.
Invento celebrações. Celebrar o outono talvez funcione como eu ligar para o Alessandro todo dia 19 de abril, para desejar-lhe Feliz Dia do Índio. De preferência quando ele estiver despachando, ou entre as audiências. O Alessandro não é índio. Mas desejar-lhe feliz dia do índio virou uma importante celebração.
Pra um umbiguista, a estação remete à reflexão. Escrevo ouvindo Obama, sentindo o cheiro do jantar chegando (os dois chegam, o cheiro e o jantar), enxergando um céu nublado e late a sensação ardidinha do outono. Penso em desenvolver a ideia, mas o máximo a que posso chegar é que a sensação se assemelha muito ao pré-beijo.
E os beijos. Tenho beijado a boca certa. E saltei daquela pedra dos fiordes, ou da pedra grande, ou da pedra da bela vista. Saltei da pedra pra enfrentar, com pouca asa, o que vivem chamando de tudo ou nada. Com a intenção posta para que seja tudo.
O céu do outono é o melhor que tem pra voar.
Celebremos.

quarta-feira, março 16, 2011

A Pequena Princesa - I

Um dia eu estava com meu jipe numa estrada enlameada e enguiçou alguma coisa que não sabia consertar. Fiquei ali, no meio do nada, esperando ajuda. Nesse momento, chegou uma princesinha. Não me pediu pra fazer desenho algum, mas tinha vindo, sim, de um planetinha. Em realidade, ela tentou explicar que, de algum modo, aquele meio de nada em que meu jipe enguiçou era o seu planetinha. Estávamos ali, conversando, eu longe e perto de casa, ela longe e perto de seu planetinha. Passamos tempos falando de baobás, jibóias que engolem elefantes, rosas e raposas. Nesses tempos, a princesinha me pediu tão pouco, quase nada. E me deu tanto, era pura doação. Seu sorrisso era tímido, mas suas palavras tinham o maior alcance que já presenciei. O que ensejou o proporcional alcance das minhas sensações e sentimentos. A princesinha contou-me aos poucos de seu passado, de sua família, dos paqueras da faculdade. E eu contei de tudo um muito. Planejamos muito, princesinha e eu, mas teríamos de ter paciência. Até que um dia, afastei as teias de aranha de meu jipe, dei partida e vrum. Ele funcionou. Despedi-me da princesinha e agora estou aqui, tentando de alguma forma dizer que a pessoa dela me é caríssima. E sempre vai ser. Conto pra ela o que vejo, meio esfumaçado, bem no centro de minha bola de cristal paraguaia, que ela vai se fortalecer e vai arrumar a sua nave espacial, que a levará para outros planetinhas, mantendo na bagagem pouco mais que anjos bordados, poucos e bons livros e toda a graça e sensibilidade do mundo, sob o atento comando do capitão skipper. Ela não quer a minha torcida, mas sabe que sou teimoso e torço sim.

quarta-feira, março 09, 2011

CNTP.
Deu pra perceber que o processo é feito em ondas e skate não é o meu forte.
Vc tá subindo a parábola, o vento bate na cara, vc chega mais perto do céu, olha o vale do topo da montanha e vupt. vai ao vale.
Mas vale.
Porque percebe que descendo o vale, vc está preparando, malequilibrando-se em seu skate, uma nova subida.
A perspectiva é a de que os picos fiquem menos altos e, em compensação, os vales menos profundos.
E o skate seja melhor adestrado.
Eu queria andar de skate, talvez eu compre um, com joelheiras e cotoveleiras e ombreiras e tornozeleiras e capacete.
Talvez eu não me importe em cair e me ralar um pouco e só compre um skate.
Na real eu não ando me importando.
E ando caindo e me ralando um pouco.
Mas assim mesmo, CNTP.
E a filosofia do Agora, quem diria, virou um bom xaveco.
E a filosofia do Agora, na realidade, me ensina a talvez voltar helicoidalmente em minha espiral, ainda essa semana. Aos pouquinhos, pelas beiradas, de mansinho, no sapatinho, no pianinho.
Ou então que nada, que eu voe em ares nunca dantes avoados.
Minha mãe me ensinou um dia que não era certo falar avoar, como diziam o cagüeta, o guto e o birinha.
Mas as bruxas são mais legais quando avoam na bassoura.
Já me disseram que gostariam de entender as entrelinhas que costuro nesses textos.
Então vou ser bem claro.
Daqui a pouco amanhece em Atibaia.
E antes de eu dormir, prepararei um chá proveniente de algum país oriental, que existe ali guardado no armário da direita.
E vou tomá-lo no quintal da casa de meus pais, vestindo meu chapéu do indiana jones.
Eu vou afastar o pensamento que vai vir à mente, pq o pensamento será a tentativa de criar uma expectativa e uma estratégia para uma situação que rolará ainda essa semana.
É, não dá pra ser totalmente claro. Mas é que, se o leitor não souber de que situação estou falando, é porque, com todo carinho e respeito, não é da sua conta.
Tchubaba.
Voltando a ser claro, hoje assisti a um filme do bruce willis.
Quando tinha vinte e poucos, roguei a Deus para a minha inevitável careca fosse parecida com a do Bruce Willis, em vez de ser como a do Danny de Vito.
Fui parcialmente atendido.
Deus gosta de mim, sabiam?
(acabei o texto, mas lembrei que não dei sequência ao pensamento do bruce willis. O problema é que já esqueci o que ia falar. Prossiga, por gentileza).
Voltando a ser obscuro:
Comecei esse feriado de carnaval com uma situação que me deixou muito mal, pra baixo mesmo e, como aprendi, não falo sobre isso enquanto estou nessa situação.
Ao longo desses quatro dias, com minis arlequins, pierrots e colombinas dançando conga em minhas têmporas, fui melhorando.
Até que resolvi terminar bem esse feriado.
E sim, fechei-o com chave de ouro, surpreendentemente.
A ponto de chegar no baitakão agora há pouco, cantando charlie brown jr a plenos pulmões, sem ter tomado uma gota de álcool.
Minha mais nova teoria vem dando certo: me dou melhor quando totalmente sóbrio.
Totalmente, sem nem uma cervejinha. Sorte ou coincidência, serei o rei da coca zero com copo cheio de gelo, sem limão.
Então deixa eu te beijar até vc sentir vontade de tirar a roupa, deixa eu acompanhar esse instinto de aventura de menina solta.
Aspas e palmas para charlie brown, minha verdadeira autoajuda.
Acendo um incenso indiano, fabricado ali no bixiga e descubro que sou uma espécie de xamã de mim mesmo.
De qualquer jeito, seu sorriso vai ser meu raio de sol.
O melhor presente Deus me deu, a vida me ensinou a lutar pelo que é meu.
Aspas e palmas.
Todos vcs estão dormindo.
Eu vou tomar meu chá.
Com chapéu do Indiana
E vou deixar minha mente tranquila
Pra ser tomado por minha consciência
E sentir o momento
Que me dará sorte
Pra quando eu precisar.
CNTP.
Um beijo para vc.