segunda-feira, abril 30, 2012

Tá chegando a hora. Há dez anos atrás, Luiz Rodrigues Wambier numa terça chuvosa contrariou na palestra o lugar-comum de que o processo precisa ser célere a qualquer custo. Disse ele: não. Todas as coisas importantes da vida demandam um tempo de maturação. Como quase sempre em palestras de direito, a partir dali eu não ouvi muita coisa. Todas as coisas importantes da vida demandam um tempo de maturação. Tá chegando a hora. O que importa agora é olhar. Por a cara diante de: encarar. Não está sendo fácil. Mas vai passar. E está chegando a hora. Se é pra fazer citações jurídicas, que se faça pronto o diálogo das fontes. Que bailem as referências. Que se fundam tudo o que superficial e diversamente veio a mim, que eu possa remixar tudo e moldar meu jeito de enxergar. De criar. De viver. Deus. Olorum. Jesus Cristo. Oxalá. Maria. Santiago. São Galvão. São Jorge. São Bento. Santa Rita. Exu. Xangô. Ogum. Oxossi. Iemanjá. Obaluaê. Iansã. Oxum. Nanã. Obá. Ossaim. Oxumaré. Logunedé. Meus 4 avós. Meu pai. Meu tio. Dr. Paulo. Meu mentor espiritual. Meu Anjo da Guarda. A cultura brasileira. Os índios, os caboclos, os vôs e as vós. O solo paulista. O interior. A capital cosmopolita. A filosofia toda. A política verdadeira. A holística. O olhar pro outro do outro do outro do outro do outro. A gentileza. O saber escrever a um juiz com excelência o direito que uma pessoa tem. O lirismo de um show de um amigo. A música e os instrumentos. A voz. A percussão, a percussão, a percussão. A repercussão do que se sente. A regra de ouro. O "eu sou assim". A humildade de mudar. A assunção da responsabilidade. O amor pelos meus amores. Mãe, irmãos.  O respeito pela saudade. A confiança no futuro. O trabalhar fora de um escritório, longe de um computador, fora de um terno. A necessidade de continuar. Tudo vai fundir. O ser amigo dos amigos. O ser padrinho da menininha mais linda do mundo, princesinha luz e simpatia. Isso é muito pouco, quase nada, do que virá. Tá chegando a hora. Nada excepcional, nada célebre, como diria Ulisses Santos: "MOITA!" Estou quase pronto e quando eu estiver, já é. Eu volto.

domingo, abril 29, 2012

bloco de anotações

1. on the road (livro) 1957
2. the wild one (filme) 1953
3. rebel without a cause (filme) 1955
4. easy rider (filme) 1969
5. on the road (filme) 2012
6. (...) 2012/2013.

domingo, abril 22, 2012

Outono IV

Tá bom, então o que vc está fazendo num computador em Ilhabela? Estou constatando. Registrando que a primeira viagem pra Ilhabela foi chuvosa, foi meio fria, foi solitária e nem por isso deixou de ser interessante. Mas não é essa a constatação. Eu não sei se vc lê meus textos mais; quase nunca leu, porqueirinha rsrs, só no fim... e a constatação é desse fim. Não vou me perder em desculpas, em apelos, em letras de pagode ou, mais glamour, de um tango sentido. Até porque essa não é nem nunca foi a nossa vibe. O registro é de que o que está chuvoso, frio e solitário é o meu peito. E frio soa estranho, porque o que mais tem é sentimento como um gato eriçado que algum moleque ruim colocou de brincadeira numa máquina de lavar roupa pra rir dele através da janela. Estar naquele quarto ontem potencializou o efeito da constatação, que senti cair como um bloco de massa ou algo assim sobre mim. Bloco de massa. Vai passar tudo isso, eu sei que vai. Mas não passa direito se eu não olhar pra coisa - pro tal bloco de massa - de frente, encarar, reconhecer e me entender com isso. É o que vim fazer em Ilhabela. Agora só preciso voltar pra cá outras vezes. Com menos chuva, menos frio e sem blocos nem bloqueios. Isso, só com o tempo. Mas sem esperar, vou fustigar meu tempo, fazer acelerar, como tem de ser. 

quarta-feira, abril 18, 2012

Alô!
Precisa mais amor. Compreensão, carinho, respeito. Atitude.
Precisa fincar a bandeira, marcar posição. Mas a haste tem que ser flexível pra envergar sem quebrar.
Precisa ter mais olho no olho. Olhar na bola do olho do outro.
Precisa olhar pra dentro de si. Passado só pra aprender.
Precisa sentir mesmo o agora. Não só da boca pra fora.
Alô!!
Tem que derrubar fronteiras. Mas não usar disso pra interesse escuso.
Tem que lutar a luta boa. Mas com o vocabulário da paz.
Não existe futuro na política partidária. No sistema econômico. No individualismo. No egoísmo. No consumismo. Mas tudo isso tem sobrevida longa. Muita gente vai ganhar à custa do outro, vai zoar, vai corromper.
Mas isso vai ter fim. E quem faz, paga. Quem não faz, paga também. Quem sofre, recebe. Vai vendo só.
Alô, meu! Tem que olhar pra holística! Pro natural do outro lado. Pro que tá acima e também dos lados.
Precisa saber que existe. Precisa reconhecer. E aceitar.
Chame cada um do que quiser. Ainda que chame de nada.
O poder vai convulsionar, mas não agora. O verdadeiro poder vai brotar de quem mais precisa. De quem está dentro, não de quem vem de fora.
As ideologias alienam.
Alô, meu!!! Vai dar tudo certo! Mas antes disso vai parecer que tudo deu errado, normal.
Precisa acabar com todo e qualquer tipo de preconceito.
Todo e qualquer tipo.
Mesmo aqueles com que a gente não consiga nunca acabar, precisa.
Tem que perder o medo. Tem que ir mais devagar. Tem que selecionar e escolher.
Vai ter choro, claro que vai. Mas o sal da lágrima adoça o riso que vem depois.
Vai por mim.
Tem que ter liberdade. Dignidade. Solidariedade. Caridade.
Tem que saber direito o que é caridade, meu! Alô!!
Tem que fazer pelo outro o que se quer seja feito por si mesmo. Mas não pra cobrar depois do outro.
Fazer porque se quer fazer e pronto e acabou.
Alteridade, meu!
Tem que acabar com a inércia, com a preguiça, com a letargia.
Precisa cantar e dançar.
Precisa fazer amor, meu! Sexo!
Precisa relacionar. Comunicar. Interagir. Integrar.
Alô, caramba!
Eu volto.




sábado, abril 14, 2012

Onze e vinte, chega, pronto, eu vou. Desisto de ter desistido, eu vou e pronto e acabou. Não vai dar tempo. Foda-se. Eu vou. Banho, roupa amassada, desodorante, perfume, dentes. Eu vou. Alguns fogos aqui e ali. Chave do carro, droga, cadê, cadê. Eu vou não, eu já estou indo. Saco, o champagne. Enrosca irritantemente no mesmo ponto da virada da chave. Bonito o chalé. Grama molhada, cascalho, cascalho, obrigado, gente, eu vou até lá, alguém quer ir? Valeu, pra vcs tbm!! Carro, pneu agarrado no cascalho isso é quatroporquatro porra. Põe o tal quatroporquatro, vinte pra meia noite. Fogos aumentam, mas ainda aqui e ali. Rádio rádio. Blutú. Shãfou. Aí, que música é essa? Que porra, eu nem sei o que tenho. Essa vai ser pra todo o sempre a música pra esses momentos. Depois eu vejo quem canta. Mania de ficar baixando e depois esquecendo. Garoa. Estrada de terra. Ninguém, ninguém. Eu não vou morrer. O mundo é meu. Eu vou é acelerar. Quinze minutos. Vale da lua. Linda lua deve estar atrás das nuvens. Meses depois, descobriria o que conto agora: MINARETS. Ripit. Minarets novamente. Ano e meses depois, desenharia mandalera ao som de minarets no ripit. Pegada brasileira, dave matthews nem sonha. Mas eu sonho. E sonhei. Dez minutos, vaga providencial. Ruas de pedras. Feliz ano novo, malucada!! Cidade em corso indo pro morro do cruzeiro. Superlotado. Sete minutos, corre porra! Cinco, parou, já estou na pedra. Não dá pra subir no morro. Todos os malucos do mundo vieram pra mesma pedra. A vibe. A liberdade. Nossa, é mesmo, o champagne! Feliz ano novo pra vcs também, desconhecidas. To aqui mandando um SMS. Feliz ano novo! Feliz. 
Feliz tudo de novo, mundo.

Outono III

Oi, pai,

Tudo bem aí? 
Vc viu que não deu certo de novo? Tudo o que escrevo (menos as petições, ainda) soam como um pedido de desculpas pra ela, por não ter dado certo. Até essa carta pra vc começa assim. Eu queria muito que tivesse dado certo, vc sabe, né? Mas não deu.
Eu pensei nesse post hoje cedo, lembra? Pensei que começaria assim mesmo: oi pai, tudo bem aí? E então eu falaria coisas condizentes com o meu estado de espírito de manhã. E o que acontecu? Esse estado mudou e mudou e mudou e mudou ao longo do dia, assim como tem acontecido nos últimos dias, nas últimas semanas e, mesmo, meses.
Sigo pensando em vc todos os dias, vc viu? E lembro sempre de vc falar a mesma coisa em relação ao vô. 
Fiz essa bobagem hoje, né? Entrar na pilha do advogado da parte contrária... mas já foi. A raiva maior é que não sou mais principiante, não tinha esse direito de errar de novo. Mas já foi. Se a gente pensar bem, é reflexo de minhas atitudes em todos os campos da vida, não é mesmo? Não vou me preocupar tanto com isso, pai, não mais.
Estou gostando desse meu novo critério: jogar limpo, falar claro, ser aberto e transparente com todos. Vc era assim... mas isso gera problemas, desconforto. Nem todos estão preparados pra essa transparência toda. E eu nem sempre sei como ser transparente e gentil, com concomitância. Mas não vou mudar, por enquanto. Ao contrário: vou potencializar isso. É muito pouco político, mas é muito gostoso viver assim. Essa liberdade.
Não vou abrir mão dessa liberdade, em qualquer circunstância. Ainda que um dia esteja novamente casado. O que duvido muito, hoje. 
Estou bancando as escolhas e o direito de não escolher. Estou bancando os meus desejos. Não vou sair das balizas, claro, porque ainda não pretendo ser antissocial. Mas o importante deixou de ser a aprovação dos outros, ao menos naquela intensidade. Poxa vida, hein? Bem que vc podia estar vivo pra gente falar sobre isso num diálogo. Não tenho mediunidade desenvolvida... Mas enfim, um dia a gente conversa. 
Nossa, pai, como tá complicado tudo. E daí me vem uma das tuas frases preferidas: a vida é simples, a gente que a complica. 
Está tudo sólido na família que vc deixou. Com um provável novo integrante, já muito bem integrado. Tenho certeza de que vc gostaria muito dele. Parecem ter o mesmo estilo. E ela tá muito feliz, dá gosto de ver.
E o lance do sonho, hein? Vc estava lá protegendo-a, de três. Vc sempre nos protege, eu sei, mesmo sem ter mediunidade desenvolvida. 
De resto, os planos, não é mesmo? A motoescola, o jack kerouac, a route 66, o arizona, o grand canyon, o cursinho, os concursos, o canto, aquele projeto lá que só nós dois sabemos, o violão elétrico, a percussão, os novos caminhos, tudo. 
Saudade de vc, sabia? Sempre. Poucas vezes doi. Ficou a saudade boa. Ficaram os teus frutos, a tua solidez. Vc continua, né? Isso é muito bom. 
E o baiano que falou pro velho que me falou aquelas coisas todas bonitas? E esse preconceito que envolve, essa ignorância generalizada... Emprestei aquele livro que te dei pro pessoal fazer o culto. Viva a utilidade, né? Sei o quanto vc gostava da tua biblioteca, mas sei que gostaria desse destino para aquele livro. Fui eu que te dei o livro? Ou vc comprou em Salvador? Nem lembro mais. 
Eu vou dormir, pai. Me ajuda com aquelas coisas? Obrigado, sabia que podia contar. Eu sempre vou poder.
Um beijo. 
E bom outono, daí de cima.