segunda-feira, agosto 16, 2010

Vem, vidá!

Vem meio sussurrada, baixinho e com ar de marota, como minha afilhada pronunciando dinda: didá.
Vem, vidá!
Vem vindo como quiser vir, de Atibaia, Parnaíba ou Aracaju, vem de dentro de mim, do meu passado, vem amanhã às três e quinze da tarde, quando eu girar o copinho de chá antes de tomar, vem, vem sim.
Vem pro que der e pro que vier. Me chacoalha do sono, da preguiça e da indecisão. Vem que eu te levo junto de pajero, de fit, de pampa, de trem, te carrego nos braços com meus pés no chão, mas não deixa de vir não.
Vem que eu te cochicho ao teu ouvido em tananãs precisos always with me, always with you, vida, e valsaremos um joe satriani em espirais helicoidais, mas vem.
Vem ni mim.
Porque eu vou te falar, vida, tá phoda, mas tá bom.
Esse domingo, aquela horinha, vida, que eu saí de perto do pessoal, depois do almoço, fiquei meu minutinho e meio olhando a beira do lago, não tocou joe satriani, mas foi exatamente ali que eu me dei conta:
eu cheguei.
Aquele futuro indefinido, que eu não saiba como seria, é aqui. Ah, mas o que será de mim? Está sendo. É agora, vida.
E por isso eu te convoco,
invoco,
provoco,
jogo um pingo de sorvete de morango na ponta do teu nariz, vida,
Pra vc recuar com charme e me bater levinho no braço direito,
Vamos nós, vida,
Dançando um zé satriani,
Até sumirmos, indo pequeninhos, com os créditos subindo.
E continuaremos, juntos.
Eu te amo, vida minha.
Eu quero dar uns fight com vc.
Isso gera fúria na minha irmãzinha incestuosa lá do sul
Mas o fato é que eu sempre faço tudo errado
E sempre tudo dá certo no final
Exatamente porque não sou só eu.
Sou eu, sim,
E vc junto,
Sempre
Vidá.

domingo, agosto 15, 2010

Meu blog, faz um favor: cuida aqui dos meus desejos, que vou tirá-los da cabeça por uns poucos meses, pra poder resolver uma situação aí. Segue.
- andar de pajero pelas estradas de terra como se elas fossem as veias do meu corpo e quando eu chegar ao fim da linha, numa cachoeira ou numa célula qualquer, descer, respirar, afagar Johnnie Walker e sentir o momento;
- levar no banco do carona do pajero um perdigueiro, de nome Johnnie Walker, que receberá e retribuirá constantemente doses cavalares de afeição;
- levar no banco de trás do pajero algum bom livro, roupas adequadas, um chapéu discreto e minha viola restaurada;
- levar adiante aquele projeto lá, praquelas pessoas acolá, que no fundo trará os maiores benefícios pra este aqui;
- ter aquelas terrinhas, pra plantar algumas coisinhas e abrigar, na baia, meu mangalarga, de nome Costacurta, que virá do interior do Paraná;
- construir com minhas próprias mãos uma capelinha naquelas terrinhas, levar um padre pra benzer e amigos espíritas para fazer vibração;
- aquietar minha alma e meu coração;
- fazer aula de canto;
- fazer aula de viola;
- fazer motoescola;
- comprar uma motinho;
- ir a machu picchu;
- ir ao atacama - de pajero;
- aprender a desenhar direito;
- aprender a pintar;
- saltar de para-quedas;
- aprender inglês;
- (espaço reservado para o que eu lembrar após a publicação).

Enfim, blog, guarda esses desejos com carinho. Quero fazer um por um. Mas depois de ter resolvido a tal situação, que todo mundo aqui sabe qual é, tem a ver com sobremesa e termina em ão.

Agradecido.

domingo, agosto 08, 2010

E aí, pai? Como está tudo aí? Continuo com aquela ideia de que aí, se vcs cumprem as tarefas direitinho, ganham um bônus, que é dar uma espiadinha na nossa casa, conosco dentro, falando de vc, no dia dos pais. Ontem a mãe lembrou do episódio do varalzinho, em que não deixou eu ganhar de vc a única discussão da vida, pois, quando todos os teus argumentos acabaram, vc disse que não conseguia enxergar os meus olhos pq tinha um varalzinho bem na linha deles. Resultado: gerou uma das piores risadas asmáticas no Bronza, me deixou desconcertado e foi pra sala com aquela cara de vencedor sarcástico.
Eu sinto falta demais de vc, pai. Sempre.
Fiz um blog pra falar de Atibaia, fica até chato, pq muito de Atibaia, pra mim, se refere a vc. Vou até segurar um pouco nos comentários, não repara não.
Fui tomar aquele café com o Dr. Decio, é muito bom recolher esses presentes que teus amigos e funcionários me dão. Eu recebo cada minicauso como um tipo de flor, delicadinha, que guardo comigo. Que saudade.
Vc viu a bagunça que virou a minha vida nessas semanas. Algumas bobagens serão inevitáveis, pai, até porque não quero me cercear muito nesse momento não. Lógico, tem que ter aquele bom senso, cidade pequena e tal, mas não to muito aí pra hipocrisia não. Meu limite será - acabo de pensar: se vc estivesse vivo, sentiria vergonha de mim pelo ato? Se não, cometo de boa. É fase de me permitir um pouco, meu pai.
A mãe resumiu bem o que sentiu numa frase: é um preço muito alto, mas estou feliz de vc estar de volta.
Não sei o que vai ser do futuro, pai. Talvez até volte. Mas é tempo de não pensar nisso, no momento, deixar as coisas acontecerem. Pra, se voltar, ser bem melhor. Pra eu ser bem melhor.
Escrevo pra te dizer que gostaria que vc estivesse vivo, aqui em casa, de carne e osso, pra eu te dar um abraço apertado (pausa pra sentir) e falar, mais uma vez, que te amo. Que tenho muito orgulho da minha origem, vc, o vô Galvão e o vô Ulisses, pra eu dar errado na vida eu tenho que ser muito, mas muito tonto, exemplos não me faltam de como acertar. Pensar em vcs, pais, me funciona como um manual de instruções, um par ou ímpar praticamente infalível, os conselhos todos vcs me deram com o exemplo de suas vidas.
Mas tudo se resume a saudade e gratidão.
Feliz dia dos pais.
Eu amo vc, pai, e vc, vô Galvão, e vc, vô Ulisses.

sábado, agosto 07, 2010

Meu camaradinha, vou ser direto com vc. Toda essa catilinária que vc forjou nessas duas semanas, agora vc vai po-la em prática. Vai chegando sábado à noite e vc começa a dar desculpas, meu querido. Mas hoje vc vai sair. Ah, não tem companhia? Dane-se, vc vai sair sozinho. Vc está no seu território. Atibaia é a sua casa. Vai com o espírito livre de 1997, na Chapada dos Guimarães, sair sem intenções nem objetivos. Mas vai sair. Vai tomar um negocinho, ouvir um roquenrol que seja. Mas-vai-sa-ir.
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