quarta-feira, abril 30, 2008

Você não lerá nada.

sábado, abril 26, 2008

O homem enquanto sobe e desce morros tenta livrar-se das pedras, embora as ponha mais e mais no velho saco. Houve porém um instante. Esse instante, que existiu e recortamos dos trilhões de outros instantes, ao ser percebido pelo homem causou-lhe uma inspiração um pouco mais funda. A vontade de alterar o ato que o torna personagem desse parágrafo, naquele instante, teve algo diferente das vontades todas dos instantes outros. Hoje o homem pode ser visto subindo e descendo os morros à sua frente, com um saco de estopa puída repleto de pedras. Mas não sei.
O homem com o saco de pedras subia o morro sob o sol. Eram o homem e as plantas feias retorcidas de espinhos, os seixos e os corvos. Uma vez subido o morro, o homem partiu seu último pão e chorou, logo antes de continuar, descendo. Descido o morro, carcaças entre moscas e mau cheiro, os corvos, outro morro se pôs à frente. Parou um instante para recolher mais três ou quatro pedras no velho saco de estopa puída, que um dia conteve o melhor café do país. Saco de pedras nas costas, continuou a subir o próximo morro em frente. Uma vez circundado o planeta, o homem chorou novamente, logo antes de carregar duas ou sete pedras e de subir o próximo morro.

quarta-feira, abril 23, 2008

Oi,
Que saudade. Um ano já. E o duro é que é o primeiro apenas. Tentei fugir desse momento, fiz bastante coisa, a hora que parei, a dani, a minha amiga do sul que vc não conheceu, me ajudou muito, sem saber. A gente vai reunir a família pra rezar pra vc daqui a pouco. Hoje almoçamos os quatro, no apartamento da naninha, foi gostoso, alegre. Não estamos tristes. Ou, tá certo, estamos sim, mas espantamos a tristeza. Muito complicado isso, pq saudade e tristeza não precisam, mas a gente sempre põe pra andar juntas. Agora não, eu escrevo só com saudade.
Muito estranho vc saber todos, todinhos, os meus erros, os meus medos, os meus defeitos, sem exceção. A maria inês sempre diz que eu quis mostrar o melhor de mim pra vc, e quis mesmo, mesmo que ficasse um pouco forçado. E agora vc sabe tudo. Eu fantasiava que me sentiria pouco à vontade, mas não, me sinto em paz, porque agora o saber tudo engloba muito mais do que eu mesmo sei. Abrange as causas todas, que fogem ao nosso alcance e controle. E no fim somos apenas isso, ignaros, graças a Deus.
Mas vamos lá. Parei de sonhar com vc, foi uma pena. De vez em quando eu sonho algo muito vago, muito sem sentido, como qdo nos tornamos sócios dos japoneses e eu briguei muito que eles mudaram minha petição, eu esbravejava que nem meu pai mudava daquele jeito, e meu pai sabia muito mais que aqueles japoneses todos juntos.
Vc viu o que aconteceu no LT? Aquilo me mudou e gostei que vc, de certa forma, tenha participado de tudo. Me ajuda nas dificuldades, pai? Se der. Vc ainda tá num período, penso eu, de readaptação, tá se ambientando, penso eu tb. Mas qdo der, se der. Embora eu saiba que nem precisaria pedir isso pra vc.
Tudo tá dando certo, vc tá acompanhando? É uma pena que eu esteja num ritmo tão devagar. Cheguei a cogitar que talvez seja uma forma de eu não me afastar totalmente de vc, não lembro o que a maria inês disse a respeito.
E o são paulo, hein? Daí dá pra saber quem vai ser campeão antes do jogo? Se der, acabou a graça, né? As pessoas ainda torcem por futebol aí? Tiram sarro do corinthians? Tomara que sim, né, eles vão passar o ano todinho na segunda divisão.
A naninha comprou um carro bem legal. E tá indo pra europa. A mãe, lógico, não gostou. Mas se acostumou com a idéia. Lembro sempre que todas as vezes eu achava que vc ia tesourar meus passeios, mas no fim vc sempre deixou de primeira. Até nos meus shows de rock, qdo eu ainda era moleque, vc torcia o nariz, mas deixava.
O meu medo de esquecer de detalhes está passando. Eu sempre vou lembrar de tudo. De tuas mãos, dos teus pés, da tua risada de canto de boca, qdo tirava sarro, da tua voz. Vc viu que arrumamos uma cópia da festa da tua aposentadoria? A mãe gostou demais, parecia criança, via sem parar.
O di tá bom. Conversou sério comigo hoje, posicionando muito bem a firmeza de que quer vadiar um pouco mais rsrs. E a gente sabe que não é isso. Tudo vai dar certo, ele sempre vai poder contar comigo e com a naninha. Acho que isso te faz sentir bem, né? Tomara, pq eu quero que vc se sinta maravilhosamente bem, sempre.
Já disse isso aqui no blog, mas falam muito que a sensação de tempo é totalmente diferente daí em relação a aqui. Então vc não sente tanta saudade, né? Sei lá, também.
É tão bom falar com vc assim, sabia?
Queria muito que vc soubesse do lançamento do livro, vai ser agora em maio. Gostaria muito de vc lá, fisicamente, mas como não dá, veja o que pode arranjar rs. Sei que é errado querer essas coisas, que o certo é torcer pra vc descansar e só, mas é saudade, fazer o quê.
Tá na hora de tomar banho, continuo nossa prosa de lá. E sempre.
Eu te amo.

quarta-feira, abril 16, 2008

15 minutos do segundo tempo: substituição.
sai de campo o caso isabela, reclamando pq tava bem no jogo, nem cumprimenta o técnico.
entra roberto cabrini e a loira traficante.
VÃO TODOS PRA PQP!

terça-feira, abril 15, 2008

sinto a séria vontade de mandar a internete pra puta que a tenha parido.
sem mais.

domingo, abril 13, 2008

Chovia mas o menino sentia o sol queimando-lhe a cara, detrás das nuvens. Chovia e algumas gotas pingavam salgadas do seu queixo. Não seria a primeira nem a última vez, ele se irritava ao ter de repetir tanto aquela frase. Incrível como a introspecção reaviva cenas tão distantes. Parou na esquina e viu-se diante do caminho bifurcado. Chegaria à sua casa de qualquer maneira. Um pequeno desvio à esquerda, no entanto, poderia acarretar bem mais que o atraso de minuto e meio. Recordou da disposição dos porta-retratos nas estantes. Os sorrisos nas faces das pessoas, muitas das quais eram ele. Um homem dividido é um meio-homem, quem mandara criar aquela frase que àquela hora lhe açoitava mais que a água, que se fortaleceu gradativamente e agora era tormenta. Um frio intenso, calafrio e tosse e, ainda assim, o sol ainda lhe queimava o sangue. Então o menino tornou-se mais menino e rumava à aula de catecismo, quando aquela senhora bondosa lhe disse num sorriso sereno, que muitas vezes ele teria diante de si uma bifurcação e então cabia a ele, exclusivamente a ele, decidir por qual dos caminhos continuaria seu destino. Sim, seu destino. Flexível e solúvel como... uma hóstia. Tudo o mais seria mentira, para todo o sempre seria mentira.
A casa era verde, algo suja, pouco envelhecida. As cortinas puídas batiam nas grades das janelas. Abertas, um rádio chiava em AM, o único sinal de vida humana. Latidos. O menino parou do outro lado da rua, atrás de si dezenas de jovens entoavam hinos religiosos e batiam palmas, secundados por uma guitarra desafinada. Criara o menino, naquele momento, um caminho polifurcado, por que não. Foi quando fechou os olhos para a casa, para os hinos, para a chuva e o sol, para todo o som que não o do pulsar de seu coração. E foi naquele momento, ou mais exatamente nesse agora, que lhe deu a vontade incomensurável de correr até a sua casa, colocar todas as flores na varanda para tomarem a chuva, junto com ele e seu coração que pulsa e depois pintar o chão com seus pés molhados, por toda casa, enquanto averiguava cuidadosamente se cada um dos sorrisos daqueles porta-retratos todos não poderia simplesmente continuar a existir.
*
(esse post foi escrito todinho com chasing cars ao fundo, mais uma música preferida apresentada pela dani m.).

sábado, abril 12, 2008

ÉQUIZERÇAIZES DA DONA JO (*) - XXXVII - Esse é um post revelador e chato pro impaciente, vou avisando, não reclame.

Ô, putalaqueospariu, não era exatamente música assim que esperava presse post (sad but true, dos metálicos). Mavalá. Ô, seus dois porqueiras! Sentem aqui nos tamboretes, que eu quero lhes falar. Vcs dois são corintianos, mas eu vou dar pulseirinha vip (roxinha) pra sentarem nos tamboretes desse blog, pq aqui também é a casa de vcs, apesar de aqui a verdade revelada é democraticamente enfiada goela abaixo dos cidadãos dobeenses, a de que o tricolor é o melhor time do mundo. Ainda assim, dois requenguelas do meu coração, essa casa é a vossa casa, só não soltem pum. Ontem à noite tava bom demais, é bom sair com gente vip (agora que falar com a jurubeba virou network, preciso adir novas receitas aos meus mexidinhos. Golbery, venho lhe dizer - peraí, golbery, descobri uma instrumental bacanudinha do u2, vou comprar um 3G só pra tê-la como toque, fucem aí: theme from let's go native, e eu sou fodão qdo o assunto é u2, queiram ou não, piratas. Eta, musiquinha boa pra dar um fight, seo! Mas Golbery, eu venho lhe dizer que o seu vinho deu efeito duplamente retardado na minha pessoa. Temporal e beliscaparedemente. Acordei jogando o shorts de pijama na miseme em sinal de protesto, pela impossibilidade de vir a atender meus pedidos de beijinhos, em virtude de ter perdido a (mofo, u2) hora pra aulinha e as crianças estarem esperando. Depois me liga no celular (viu como é bom deixar ligado?) porque o porteiro não abria o portão prela. Eta, outra musiquinha boa pra dar um fight. E eu quero que o brasileiro que fica no botequim falando da isabela e dos nardoni vá tomar bem no meio do fiote dele. Povo hipócrita (só esses que ficam falando disso), mau caráter, maniqueísta de manicure, vcs precisam do sangue de seus iguais, fornecidos aos tonéis pelos datenas gordos e cheios de dentes que vcs idolatram, povinho cretino que continua indo ver o negro ser açoitado nos pelourinhos e vendo o dentista ser enforcado, esquartejado e salgado sua casa, pra nada mais nascer (a alma e a matéria - marida monte), pra depois chamar de mártir. (desire, u2). O dia está azul e o sol bate no meu braço direito, nem vou tirar, eta musiquinha boa pra dar um fight. A petição monstro foi faxeada, agora só me resta aguardar o advogado-em-causa-própria fdp que não morre logo (bateu no meu ombro na saída da audiência e falou que levaria o processo pro resto da vida dele, vaso ruim da porra). Jogar futebol sozinho co dito balangando no apartamento, geléia de mocotó na mão, bolinha do ronaldinho gaúcho no pé, não tem preço. quem for fino que tampe os olhos, os ouvidos e o nariz. Vcs façam o favor de comentar bastante esse post, que quando eu voltar do enviroment intensive monograph & torture weekend (enya, storms in africa II) ( marisa monte, para mais ninguém) eu quero isso aqui enfeitado. (back of my hand - the rolling stones) (sunday bloody sunday). Ó como eu tô, povo? enjoando fácil fácil de postar. tinha tanta coisa pra falar. Mas deixo vcs assim, com meio equizerçaises e com um desejo de fim de semana bom pra vcs e pra tudo quanto for das tuas família.
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Dona Jô: estudou letras com a tia beth em santos, professora de inglês do inigualável e.e.p.g. josé alvim, levou meu kimono emprestado (por minha mãe!) pro filho e nunca mais devolveu. co-responsável por eu não ser um cidadão bilingüe, falava que maçã é eipol e não épol (last night on earth, u2). e dizia que dooois bicuuudos nãããão se beeeeijaaaam, pra ensinar a regra do 'a' e 'an'. Lá na frente ditava-nos ééééquiiiizeeeerçaaaaisesssss e aqui estou. équizerçaises são posts escritos sem seleções e filtros, ao som de música aleatória, de trás pra frente, de frente pra trás (city - sara bareilles), do jeito que vier foi.

sexta-feira, abril 11, 2008

O caso Isabela, ad nauseam

Eu ia, talvez ainda vá, postar sobre o meu enfastio, causado pelo podre jornalismo brasileiro, mas daí veio o antropólogo e me resumiu tudo.

quinta-feira, abril 10, 2008

madureira para a totalidade das gaúchas:
- onde vc viu um porquinho vivo, ao vivo, pela primeira vez?
totalidade das gaúchas:
- ê, pergunta, óbvio que foi na expointer.

terça-feira, abril 01, 2008

Era ainda o mesmo menino, pra sempre seria. Em volta do fogo, brincava com o graveto, na noite escura, no frio que fazia arder, embora protegido, sempre protegido. Ele olhava pra além, por meio das chamas, absorto nos pensamentos, despreocupado com os monstros que lhe circundavam, os monstros por ele criados. O que poderia esperar? Pensava realmente que pra sempre tudo seria bonito daquela maneira? As vozes amigas o chamavam, mas a única relevância era o início de incêndio no graveto, a retirada do fogo, os movimentos rápidos no ar, as batidas na pedra, a apenas fumaça, para novamente começar a incendiar. Até o graveto diminuir a ponto de ele ter de forçar o braço de forma a incomodar. Jogava por fim o graveto no centro do fogo, que aumentava pela última vez e dali por diante amainava. Amainava. Amainava. E ele ia dormir.