domingo, setembro 28, 2008

blindness

Nem vou repetir a minha velha filosofia de botequim da burrice que é comparar um filme com um livro. Pior que a filosofia é essa burrice propriamente dita. Eu colocaria, sério mesmo, uma frase garrafal logo antes da primeira cena, por uns dez segundos: Se entrou para comparar com o livro, saia agora. Devolverei o dinheiro do ingresso, com gosto. Assinado: o diretor, o produtor, os atores, todo mundo.
E vou te contar. Que filmaço. Mais três dias pensando no filme, certeza, reconstruindo na memória as cenas, os movimentos, as feições. Pensando fundo na condição humana. Olhando despreocupado pra praça de alimentação, imaginando se todos nós ficássemos cegos. Saramago é daqueles caras que têm que ser respeitados por todos, ainda que não estimados. É, sim, o Camões do seu tempo. Do seu tempo, eu disse, antes que eu sinta a primeira pedra. E esse filme está à altura.
Só pra me desmentir, o livro em si é cinematográfico, é que nem o Lourenço Mutarelli (recomendo vivamente: A arte de produzir efeito sem causa. Li 70 páginas numa golada só, se recomeçar agora termino o livro fácil). Não adianta, é cinema. Tem livro que é cinema. E o cinema foi à altura. Fiquei feliz em constatar muitas imagens que visualizara direitinho ao ler, pareceu que vi o filme pela segunda vez, em várias, várias cenas.
Pulo a parte que não sei descrever, só sentir, que é justamente a parte técnica do filme. Nem tento. Mas sinto. Ô, se sinto!
Mas o foda mesmo, o fodão, o que pegou, foi ver ali, linda e desgraçadamente, a condição humana exposta às próprias garras. Putaqueopariu. É aquilo que nós somos, gentarada. Sem tirar nem por. Toda a elevação beija lascivamente a nossa escondidíssima (na maioria dos casos, de nós mesmos) podridão. Cada um de nós, isso que é foda. Nem vou falar mais. Agora acho que já posso discorrer sobre o Iphone 3G, desengasguei um pouquinho.

sábado, setembro 27, 2008

TIE DYE PRAÇA DA ÁRVORE

Se o Lula tem o Nunca antes na História desse país eu posso ter o quem me conhece sabe, então dá licença.
Quem me conhece sabe da minha preferência pelas barbearias populares. Necessário (muitíssimo), porém, saber como isso começou.
Saber isso, por sua vez, é um bom ensejo de mais um critério pra histórico, assim como o das bicicletas e o dos hobbies.
Assim, conheçam minha vida por meio dos meus barbeiros.
O primeiro que me lembro era o Salão Moraes. Ficava na Benedito Almeida Bueno, a rua do comércio popular de Atibaia.
Visualizem o Sr. Barriga. Era o próprio Bastião Moraes. Depois de vinte anos sem sequer pensar no dito, me assusta a semelhança. Bastião só não deixava beber a pinga que ficava do lado das revistas de mulher pelada. Foi vista ali uma das minhas primeiras revistas de mulher pelada.
Bastião gostava de causos, pescar, pinga e mulher pelada, não sei bem se nessa ordem. Lá cortei as madeixas dos meus seis aos catorze anos. Nos últimos tempos (dos meus treze pra catorze anos), as pescarias ficaram mais longas e mais evidentes os caminhos de rato deixados no meu crânio. Moraes, de qualquer forma, sempre deixava todos os cabelos atibaienses iguais. Sem inspiração, exceto quando resolvi deixar comprido lá na nuca, não sei se igual aos menudos ou os jogadores de futebol da época ou os emergentes sertanejos. Hediondo.
Eu tinha então (e devo ter) cabelos cacheados. Mais cedo que isso, eu era loiro e minha mãe deixava compridinho, ficava cheio de cachinhos, tchuco-tchuco.
Dos quinze aos dezoito não merece muito registro,"Geniu's Cabeleireiro", desonrei os salões populares.A moda era cortar curtinho dos lados e comprido em cima. Ali foi até os dezoito, quando me mudei para São Paulo.
Na época da faculdade cheguei a ter, pasmem, topete. O golbery me achava a cara do Dylan, dos barrados no baile. Não merece muito comentário também. Dissidência do Geniu's, aos sábados pela manhã. Também não era popular.
Terminada a faculdade, já semi careca, volto a morar em Atibaia. Todos os possíveis penteados davam a nítida (e falsa) impressão que estava escondendo as entradas. Aí me rebelei. Passei a cortar no salão em frente da rodoviária. E passei a rapar o cabelo. Deilão no máximo e tava tudo resolvido. Mas eu ainda não estava satisfeito.
Um ano antes de casar, estamos falando de 2003, mudo-me pra São Paulo e viro um ermitão. Nascem Os Madureiras. Já estava tão careca quanto hoje, praticamente. Aí foi a festa. Salõezinhos de Santa Cecília, por cincão, deixavam meu egg head style perfeitinho.
Chegando a data do casamento, resolvi deixar crescer um pouquinho. Aquele eterno medo das fotografias igualmente eternas e tal.
Foi quando fui ao melhor barbeiro de todos os tempos, o Seo Zé, no prédio do cursinho, no vale do Anhangabaú. Faltava um mês.
Ele cortou tão bem que, no dia do casamento, enquanto muitos gastam os tubos nos melhores salões de são paulo eu voltei ao Seo Zé e fiz barba, cabelo e bigode. Minha cara parecia um bumbum de petiz. Só pra confirmação, solicito o depoimento formal do Golb sobre o Seo Zé.
Parei de fazer o cursinho e ficou difícil demais ir ao seo zé. Aí comecei a peregrinação.
Estamos em 2004. Já morando no meu apartamento atual. Na mesma calçada, a cem metros, um salãozinho popular. Quanto tá o corte? Doze. E pra passar a maquininha? Dez. Que vá. Deu nostalgia do Seo Zé fazendo a barba. Faça-me tbm. Mais cinco.
Foi quando ele passou a espuma de barbear na minha cara e quando eu parecia saído do desenho do pica-pau ele começa a me passar um prestobarba usado que pegou no balcãozinho.
Fiquei umas semanas com medo de ter pego aids.
Aí decidi que lá não tinha condição. Passei a freqüentar o do quarteirão de baixo, o golb um dia foi lá. O bom é que as revistas de mulher pelada eram atualíssimas. Mas passaram a cobrar mais e mais caro. E o golb falou que todos saem de lá com a cabeça quadrada. Parei de ir.
Aí surgiu o inesquecível, o ícone, o absoluto JÔ BLACKPOWER. Na verdade, eu já tinha ido lá antes, até já fiz post, na ocasião. - Eu quero que passe a máquina. Ele começa a cortar com a tesoura. - Moço, passa a máquina. Continua com a tesoura. - Moço (pensa bem no tamanho do cara, medo de contrariar). Que vá, corte com a tesoura mesmo.
Mas depois que os sacanas das cabeças quadradas zoaram demais no preço, voltei ao Jô Blackpower. E lá meus cabelos (e os de todos os motoboys da região) pagaram R$ 5,00 por mês pra manterem-se sempre rapadinhos. Perfeitinhos. Como qualquer salão popular pode fazer, mas nenhum sob uma placa reluzente que indicava o título Jô Blackpower.
Só que o Jô fechou.
Aí comecei a frequentar, isso ano passado, O Popular (título meu), na própria praça da Árvore. A musa é testemunha de um fato muito constrangedor lá ocorrido. R$ 7,00 e estávamos sempre conversados, mês a mês, carequinha rapadinha, chuchu beleza coisa e tal.
Até que eu resolvi ligar anteontem pra cabeleireira que me atendeu da outra vez e que ficou mais meticulosamente cortando os cabelinhos restantes pós-máquina, enquanto falava de espiritismo, plástica na barriga e financiamento de apartamento. Liguei e ela zoou. Falou pra eu ir e atendeu uma mulher primeiro.
Aí falei que voltava outro dia e voltei pra casa.
Ni qui tava esperando no farol pra atravessar, eis que me esfuzio: o jô blackpower reabriu. Sem o Jô, sem o Blackpower, sob nova direção.
E enquanto o negão passava a maquininha, sua ajudante vendia aos populares da praça da árvore uns bilhetinhos.
Suspeitíssimos.
Estou atingindo a perfeição em matéria de barbeiros populares.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Depois do tie dye praça da árvore vem...

Se fudeu, grupelho! Perdeu mais uma vez pro papai aqui. Chupa, grupelho! Sala de fitness rulezzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

quarta-feira, setembro 24, 2008

Próximo post:

TIE DYE PRAÇA DA ÁRVORE


Aguardem.

domingo, setembro 21, 2008

Só pra lembrar, nunca é demais: desde a 1ª rodada do campeonato, o corintians está atrás do último colocado na classificação. O piorzinho, mais mequetrefe, não importa qual.

sexta-feira, setembro 12, 2008

eu na volta do oftalmo

Antes a gente andava pelado pela selva. Sexo ao ar livre, todo mundo comia bem, bebia água potável, a caça de início sempre mal passada, até descobrirmos o fogo, pra fazer um grelhadinho e expulsar as feras da caverna. Lembro que tinham uns fracotes que caçavam bem pra chuchu, mas qdo eles traziam o produto, tinha lá um marombado, chamado Biff Tannen, surrava os fracotes, que revidavam até não poderem mais. Fez isso umas 30 vezes. Na 31ª, cansados de apanhar, eles deram o javali pro Biff e se contentaram com as sobrinhas.
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De lá pra cá, foram brotando as gerações, tanto do Biff quanto dos fracotes. Que se imiscuiram, separaram, dizimaram, fizeram as pazes, coligaram, migraram, torturaram, adoraram, catequisaram. inventaram nesse interregno os jogos olímpicos, em que uma criança entoava hinos, utilizando a sua própria voz. inventaram a cerveja também.
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Ups, falei aí no meio que catequisaram? Esqueci de contar. O Biff anunciou ser o representante de um sujeito que só falava com ele. Tipo Benjamin e Jacob, essas coisas. Sujeito sabedor esse tal. Fez dia e noite, bichos, plantas, água, mares, terra e tudo o mais. Não pedia muito em troca. Apenas algumas cacinhas extra, além de continuarem respeitando seu preposto, Biff Tannen, na Terra. Que ainda não se chamava Terra. Se o provedor se registrasse no INPI àquela época, dizem, os entendidos, o planeta teria que arrumar outra alcunha. Foco.
As gerações de Biff receberam a carta de preposição por herança. Mas com aquela putaria toda entre si e as gerações dos fracotes, outros se disseram os legítimos representantes do Tal Sujeito. Inclusive com linhas diretas, sem roaming, com o Dito. E mais! a todo tempo, sem restrição aos fins de semana, como as demais operadoras.
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Sei que também pra esse motivo, de assegurar a expectativa na maior proximidade com Ele (que pra mostrar intimidade uns passaram até a chamar de Pai), as gerações e imiscuiram, separaram, dizimaram, fizeram as pazes, coligaram, migraram, torturaram, adoraram e, agora sim, explicadinho, catequisaram.
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Tipo, pra salvar a alma do inferno ou da segunda divisão.
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Que feio, né? no meio do texto passei pra terceira pessoa, zappa não gostaria nada disso. Fato é que, pra ser honesto, quem separou, dizimou, fez as pazes etc fui eu também. E vc também.
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Bem recente, pq ainda tenho que almoçar, com a queda de Roma, onde desde que a loba amamentou os irmãos biff e fracote, um Biff que se prezasse tinha seu lugar garantido, a putaria recrudesceu. Inúmeras gentes como vândalos, suevos, visigodos, ostrogodos, palmeirenses e santistas fizeram todos acreditarem que ninguém mais teria a menor garantia se a mudança de salão de jogos pra sala de fitness precisaria de quórum qualificado, ou não.
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Ledo engano, pq tiramos a panca do Biff Cesar, pra dizer quem estava certo ou errado, mas nós, os outros Biffs, pusemos no lugar a panca das nossas clavas. E funcionou direitinho, até.
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Nem vou contar agora o lance das casinhas em volta dos castelos, uns dos quais vejo em Alphaville qdo corto caminho pra chegar em casa. Nem vou falar da raiva que a gente passava qdo vinha o Biff da vila catar nossa mulher na primeira noite. Nem do tributo que tava cada vez mais foda e sem lei de anistia no fim do ano, pra ganhar voto e foder com a expectativa do procurador.
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Aliás, agora, agora vou almoçar. Depois volto pra contar dos biffs que inventaram o hino que toca toda vez antes de o Zidane nos foder e do filho adorado deles, o BB.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Aí lembrei da Zappa, mais uma vez.
E percebo que não lembrei porque a Zappa arruinou a minha Fuvest. Lembrei porque percebi ser essa uma historinha inventada.
Eu realmente passaria na Fuvest se minha nota de redação não tivesse sido pífia. Isso é matemática, não tem como inventar. A Zappa realmente me dava dez e enaltecia todas as minhas mequetrefes romantiquinhas de paulo coelho. Eu acreditei realmente que escrevesse bem e que não precisaria perder tempo estudando e praticando redação pra fuvest. E, de verdade, foram pífias a redação e a nota.
Isso, então, não é uma história inventada, é uma história distorcida.
Eu não passei na fuvest pq me interessava em jogar truco e beber cerveja no cursinho porcaria de atibaia. Depois vim pra São Paulo, mas dormia na sala de estudos do etapa até que o ônibus fretado me levasse às seis e meia pra terrinha.
corte.
Que merda. 15 anos depois, eu conto isso num blog enquanto preciso escrevera bendita dissertação.
Tchau procês. Forte.

sábado, setembro 06, 2008

e tchau procês.

XXX.07.XXXXXX-X (XXXXXXXX.X/X-0000-000) - Apelação Criminal sem Revisão - Guarulhos - Relator: Des.: Teodomiro Méndez - Apelante: XXXXXXX XXXXXXXX - Apelado: Minsterio Publico - POR MAIORIA DE VOTOS, REJEITARAM A PRELIMINAR; DECLARARAM, DE OFÍCIO, A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE DE XXXXXXX XXXXXXX  QUANTO AO DELITO TIPIFICADO NO ART. 303, DA LEI FEDERAL Nº 9.503, DE 1997 (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO), ANTE A OCORRÊNCIA DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA, E DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO PARA ALTERAR AS REPRIMENDAS ALTERNATIVAS PARA PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA, NO VALOR DE UM SALÁRIO-MÍNIMO, A SER DESTINADA À ENTIDADE BENEFICENTE, E DEZ DIAS-MULTA, NO PISO. COMUNIQUE-SE, COM URGÊNCIA, AO JUÍZO DE ORIGEM E A VARA DAS EXECUÇÕES CRIMINAIS. FICA VENCIDO EM PARTE O 3nº JUIZ, DES. ROBERTO MARTINS DE SOUZA. - Advogado: NELSON GALVAO. DE FRANCA (OAB: 14086/SP) -

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Um dos últimos trabalhos, com a visão prejudicada, sob os efeitos da quimio, com a mesma obstinação. valeu a pena, ê, ê.

sexta-feira, setembro 05, 2008


BÚ!