terça-feira, janeiro 24, 2012

Sabe você que infinitas são as metáforas para o lado esquerdo do trem, não é?
Pois bem.
Quem não é versado no metrô paulistano, no início havia apenas um cruzamento de duas linhas, onde se faz uma das minhas palavras (não atos) preferidas, a baldeação.
Trata-se da Estação Sé. Na sua aproximação, a voz de um locutor recém-largado pela namorada, preterido por alguém mais empolgado diz: estação (pausa dramática) Sé. Desembarque pelo lado esquerdo do trem.
Ainda moleque atibaiense, eu gostava imotivadamente dessa expressão. Devo ter escrito algo a respeito em alguns de meus CMUs. 
O lado esquerdo do trem pode ser uma opção de saída. Uma solução. O lado, em si, indica possibilidade. Esquerdo, segundo me lembro nos tempos da revolução francesa, era o lado ocupado no plenário pelos inicialmente mais legais, jacobinos se não me engano. Gostava dos Jacobinos, antes de enlouquecerem pro mal.
Porque gosto dos louquinhos do bem, especialmente os louquinhos de praça. Adão, Seo Zé, Magal, Toniquinha, Vovozinha e tantos outros. Volta.  
O trem, em si, pode ser... o que você quiser. E daí a miríade de metáforas. 
Meu weblog chama-se O Lado Esquerdo do Trem. 
Não é um nome comercial. Nem tão sonoro assim. Mas é o melhor nome que eu podia ter escolhido. 
A ideia de movimento; de destinação; de viagem; de alteração; de baldeação!; de interregno; de velocidade; de coletividade; de compartilhamento; de provisoriedade, tudo isso me é caro.
Meu weblog é um meio-caminho entre o mundo offline, onde está toda a poesia, e o online, onde está todo o devir. 
Qualquer dia alguém me diagnostica o vício pela internet. Com CID e tudo, com passo-a-passo pra largar.
Meus textos dançam melhor no espacinho destinado à sua criação, cedido pelo blogspot, do que no árido word. 
Árido wooord. Árida childreeen. Volta.
Meus textos dançam melhor porque é como se estivesse sentado na beiradinha da Pedra do Disco, em STL; perto da pedra partida da Pedra Grande; nas ruínas da torre da televisão da BelaVista; do Boldró de Fernando de Noronha, deliciosa adaptação de Bald Rock; no trampolim da Chapada dos Guimarães de 1997, minha fotinho de filme revelado. Meus textos dançam melhor na iminência.
So do I, so do I. Volta.
Enquanto estou no blog, ouvindo Notorious B.I.G., tenho a segurança de estar sentado na minha poltrona de braços e rodinhas e não num holograma de penhasco no qual uso roupas futuras que me permitem o voo. 
Estou na iminência. 
E hoje o que quero é isso. É escrever o que comecei enquanto comia a lasanha. Lavar o prato, arrumar algumas coisas, ler meu livro, dormir o que não dormi noite passada, por jogar sinuca online até às 5 horas da manhã. 
Carta a quinze amigos. 
O trem tem um sofisticado sistema de segurança, mas não quebre o vidro nem puxe a cordinha em vão.
Chove sim, chuva. Mas não faça mal a ninguém, por favor.
Ultreya!


5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

"weblog" é bem tiozão, hein?
:P
'cadeira, fião!
bratz!

9:04 PM  
Blogger Allan Robert P. J. said...

Era prático no metrô de Sampa quando ainda era moda dizer Sampa; quando existiam apenas duas linhas com uma baldeação na Estação Sé. Hoje ando em outros trens, sem locutor, sem Sé e sem entender direito qual é O LADO ESQUERDO DO TREM. Trem não dá meia volta: pára e volta no sentido inverso. Ou será que tem dois lados esquerdos?
:)

3:43 PM  
Blogger Rejane Moreno said...

Pois é amigo... E quantas vezes não nos seria mágico ter um locutor destes, dando uma parada na narração de nossas vidas e simplesmente nos dando a opção de sair pelo "lado esquerdo do trem"? Lado esquerdo da visão, da vida, do assunto, da discussão. Lado esquerdo do conflito.
Creio que em algumas viagens o trem desesperadamente se esvaziaria... Desculpe, foi muito deep... Beijo.

2:58 PM  
Anonymous Anônimo said...

Pretty bom post. Eu só tropeçou em seu blog e queria dizer que eu realmente gostei de visitar seu blog. Em todo o caso eu vou estar assinando seu feed e eu espero que você escreva novamente em breve!

10:28 AM  
Blogger Madureira said...

Um leitor!!! rsrs

11:20 PM  

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