sexta-feira, fevereiro 11, 2011

somewhere. vc ouve um ruído de motor. é um jipe. ele é preto. ele aparece diante dos seus olhos num relance. e segue, sem vc ver. adiante, ele aparece retornando. sempre o ruído. e ele volta diante dos seus olhos. e segue. e mais uma volta. e outra. e outra. e outra.
a sua vida é sempre o ruído. e vai. e volta. e vai. e vc tem a nítida sensação de que é sempre igual. mas não é. nunca é. não poderia ser. o jipe para. vc me ve saindo dele.
eu me vejo sentado no escuro, numa poltrona. diante de mim, numa tela enorme, saio do jipe. e ao meu lado, sentada noutra poltrona, a minha vida. sorrindo. tento beijá-la. ela diz que não. ainda e já se misturam. ainda não. já não. já não mais. e a sala está escura. e as cenas se sucedem. e tudo ganha ritmo. e a sua vida é ritmo e ruído. phoenix. phoenix ressurge das cinzas e tal. e seu vocalista é marido da diretora. sofia coppola fez o filme que não sai de minha mente, desde então. seu marido diz pra amar como um por do sol. mas diz isso só no finalzinho da música. porque a música é instrumental. a sua vida é instrumental. e a música permeia o filme. e o filme permeia minha consciência. eu olho ao meu lado e ela está ali. e eu sinto paz. como se tudo não tivesse passado de um sonho. como se fossemos fazer a compra da semana, em seguida. e planejar nossas próximas férias. e um dia então seríamos plenamente felizes. ela está feliz. e está linda. e a minha vida era ali. e é aqui. às vezes sinto que minha vida é um jipe girando. indo e voltando. pra ir de novo. como se fosse igual. mas nunca é igual. não poderia ser. vc faz cortes mentais, dá saltos quânticos, faz cenas sucederem-se. como num filme de sofia coppola. como num música do phoenix. eu formo meu novo exército. azul. e conquisto continentes. meu exército é azul piscina. e nada na minha piscina num domingo de sol. que se põe enfim. e eu olho cada um dos soldados. eles fazem algo que não faço. olho o céu. também azul. e eu me angustio em montes de processos, no dia seguinte. eu tomo uma pílula. e me acalmo. mas planejo criar cabritos. e sei que tudo não passa de nada. eu sei disso. eu sei outras coisas também. mas como disse a alguém, eu não posso ter certeza. cabe-me unicamente a convicção. existem pessoas, infelizmente, poucas. não poucas pessoas. pessoas poucas. essas vão. existem pessoas muitas. essas estão. existem pessoas plenas. essas me são. ela me é. ali, ao meu lado. na sala escura, na poltrona. no sorriso lindo. nas palavras certas. ela me é. e me vai ser, de algum jeito. mas eu sei que preciso ligar meu jipe e ir. eu sei algumas coisas. não tenho pretensão a sócrates. somewhere. here. assistam a somewhere. vale a pena. me senti filmado. foi irônico. foi um soco no pâncreas. as circunstâncias. e foi tão gostoso. estar ali, depois. tudo. love like a sunset. somewhere. acres. visible horizon. right where it starts and ends. when did we start and end? Como eu posso saber, se meu jipe parece estar sempre girando? Indo e voltando? Running around; loving like sunset?

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Acho que esta é a hora de partir.

4:30 AM  
Anonymous Anônimo said...

splendido, grande amico mio .
(braba ha detto)

2:03 PM  
Blogger Madureira said...

quem é vc, primeiro anônimo?

12:06 AM  

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