segunda-feira, maio 05, 2008

Madureira avisaria ser apenas literatura. Eu nada digo, apenas registro.

Interfonou e realmente esperou que eu atendesse. Atendi mal suspeitando, meio prevendo. Que não subisse. Que havia câmeras. Que os vizinhos. Que... desligou. Esperei-a no hall dos elevadores, tivesse um gás, uma camisa de força, uma bomba de efeito moral, um pau de amansar louco. Mas só dispunha de minha respiração acelerada e duma prece malfeita pra que ela desistisse daquela insanidade. O som do elevador aumentou e a porta então se abriu. Ela sorria e vestia um edredon. Descabelada e bela, batom e rímel um tanto borrado, sorriu e investiu seus braços fazendo do edredon asas, antes capa de heroína, revelou sua nudez branca e perfeita, a me agregar. De nervoso, lembrei de fagocitose, lembrei de pseudópodos, lembrei de algo de cujo espaço na mente o beijo imediatamente se ocupou. Um beijo invasivo e denso, recusei a partir daí o papel que me reservou, entrelacei os dedos gentilmente em seus cabelos e puxei-os pra trás e baixo, ajoelhou-se gargalhando o quanto pode, até que a outra mão a calou. Um latido de cachorro. Um apito distante. Dominada, dominava-me. Seria ali (continua).

2 Comments:

Blogger Golb said...

aaahahaha, fagocitose.
boa, boa.

3:40 PM  
Blogger Madureira said...

pois é. embora esteja meu nome sob esse texto, ele foi escrito pelo casimiro, antes da demarcatória de nosso cerebelo, em que nos confundíamos um certo tanto. agora eu sou eu e ele é ele, embora sejamos um, nós, o euzão, entendeu? Pois é, nem eu. Idéia da dani m.

10:38 AM  

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