sábado, fevereiro 27, 2010

Ela tinha cabelos vermelhos. Queria ser baterista. As poesias que compunha me embalavam. Eu as guardava dobradas no vão do som de meu quarto. Gostava de rock, anos 70. Penso ser Ramones a sua predileção. Sorria serenidades. Ela era a sensibilidade. Ensinou a mim que Carlos Castañeda era muitíssimo melhor que Paulo Coelho. Usava um tênis de cano alto, cuja cor me fugiu. Era o tênis mais estiloso do universo. Dedilhava violão, mas não sabia tocar direito. Escreveu a peça teatral do terceiro colegial, uma adaptação de seu heterônimo preferido de Pessoa, que também me fugiu. Fico entre Campos e Caeiro. Esperava o ônibus fretado com os cabelos molhados. Eu pedia pra segurar um tufinho, perto da raiz e vinha deslizando os dedos apertados até formar uma gotinha na ponta. Ela deixava? Faz tanto tempo, nem lembro. Muita coisa me fugiu. Eu era apaixonadinho e a tive, desde então, como melhor amiga. Não é culpa minha, todo mundo se apaixonaria por ela, de certa forma. Mas ela só ficava com os playboys fortões, embora dissesse ser só coincidência. Quando o colégio acabou, lembro que fiquei muito triste, por saber que o contato diário se perderia. Uma pedra de um parque de Bragança Paulista, perto da casa das madres, até hoje deve guardar o manifesto de nossa amizade, meticulosamente embalado num saco plástico e lá escondido. Nem tudo me fugiu.
*
Ela trabalha com ajuda às outras pessoas. Ainda me dirá como funciona. Ela fala de Luz, e eu chego a sentir. Suas palavras confortam, de tanto carinho. Alegre. Feliz. Era, sim, ela a moça das corridas, que googlei. Mas não era a dos peitões do facebook, cujo link o Bronza jura não ter sido ele que me mandou. Ela também usa emoticons como eu, quem diria!? Falamos da vida. De tudo que nos tem acontecido nesses anos todos. Enquanto a internet deixa e o meu msn não some, pra só voltar dia depois, levando pro vácuo seus números de celular. Que felizmente, me repetiu. O café ainda não rolou, as providenciazinhas e a gripe impediram. Mas rolará, em breve. Ô, se vai, numa dessas quartas pré-outonais atibaienses que me constituem a vida. Pedi permissão para escrever um post de tudo o que lembrava de si. Respondeu que teria vergonha. Ainda assim, aqui está, sem nomes, como prometi. Durante todo esse tempo eu acho que procuro características tuas nas outras pessoas. Tuas e da meia dúzia de outras pessoas que me são mais caras. Ah, ainda não falamos, maldita net, mas Noronha é realmente show. Hoje não fico triste com a distância nem com o tempo. Porque sei que existem algumas raras imunidades a eles. Uso isso pra vida. Enfim, falei demais aqui, coisas que não são de bom tom se dizer. Mas quando falo antes de dormir, é assim. É a liberdade que "o longo do dia" proporciona.
Até o café!

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Deu saudades.
Certeza de que não fui eu que passei o tal link -- que, aliás, você podia compartilhar com o amigo.

12:34 PM  
Blogger Madureira said...

Mané saudades o quê. As décadas passaram-se, mas o ciúme da amiga continua o mesmo. A menos que vc esteja com saudade de mim, daí pode.

4:29 PM  
Anonymous Anônimo said...

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1:58 PM  

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