sábado, agosto 18, 2012

CASIMIRO'S DAY

Quem não frequenta esse espaço desde o seu nascimento, talvez não saiba quem eu sou. Eu não sou o parvo do Madureira. Sou Casimiro, ao seu inteiro dispor. Há um breve relato sobre a minha injustiçada persona na ementa do blog. Caso não tenha tido a paciência ou a curiosidade de olhar, a perspicácia certamente não lhe fez deixar de notar a infame figura na sua lateral direita, do filmete Eu, Eu mesmo e Irene. Sim, a ementa diz que esse espaço é a perene contenda entre dois neguinho turrão, eu, o Madureira e eu, o Casimiro. Moramos no mesmo corpo, no mesmo cérebro, na mesma alma, no mesmo weblog. 
Ocorre que sou deslealmente vencido na batalha pela minha expressão. Madureira, como todos sabem, tem um alter ego, o irrelevante, para essas plagas, nelsinho. Pois eles sistematicamente se unem, me tacham de simples Id e me trancam naquele calabouço com tratamento acústico, pagando meu silêncio com ar condicionado, lindas mulheres, alucinantes jogos e tragos sem fim. 
Mas ni qui eles descuidam, eu volto. 
E agora não voltei pela coincidente assertiva e aconselhamento que receberam a respeito de nós (madureira e casimiro, já já desenho). De que deveriam fugir de nós, que somos bipolares, que temos, veja só você, du-pla-per-so-na-li-da-de... A que pergunto, segurando as cordas das velas do meu navio: onde está o demérito?? Quiséramos nós ter mil personalidades, em vez de duas. Ah, Pessoa, me ajude vá:
"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me ponta
traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
que torcem para reflexões falsas
uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
como se o meu ser participasse de todos os homens,
incompletamente de cada (?),
por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço" (Fernando Pessoa).
Aííí, Pessoinha velho de guerra, mostra como é que é. 
Mas eu dizia, não venho por causa disso, isso é coisa pro Madureira resolver, não tenho nada a ver com isso.
Venho primeiro pelo aludido descuido. E venho, sim, pelo mundo.
Não sou apenas eu quem percebo - e percebo há tempos, até o madureira concorda - que o sistema político-econômico assemelha-se cada vez mais a um fim de filme de indiana jones mal editado. Que estamos passando por um momento de transição que vai tumultuar várias estruturas cuja ruína sempre foi previsível, agora está visível. Lá do calabouço liguei os pontinhos do que vcs já começam a se esquecer: Egito, Líbia, agora Síria. Pra ficar nos exemplos mais garrafais. Nada que as agências de notícias internacionais tenham de se esforçar muito pra disputar ibope com o Datena.
Eu venho mesmo, é bradar pelo que vem por aí! O que me instiga é o movimento simbolizado pela figurinha ali em cima do texto. O que me exalta são as Temporary Autonomous Zone de Hakin Bay, os crowd founding pululantes, a nova ética da pirataria. O que me intriga são os playboys como o madureira e, vá lá, eu mesmo, assobiarem as letras de Criolo no banho. O que comove são, sim, as Pussy Riot, que imagino desdenharem das vozes pop-rock que se elevam a seu favor, num crescente. E agora, Madureira? Como fica intrínseca culpa judaico-cristã dos teus, a prestar solidariedade ao regime de Putin? Larga mão desse rubor, Madura. O que vc vai falar pros teus coleguinhas que acreditam, imbecis, que o Assange cometeu estupro? E que a Inglaterra e Suécia e praticamente um time Resto-do-Mundo, que jogam um jogo marcado de despedida de algum jogador que se aposenta, que curvam-se, sim, ao ainda atual, sim, poderio estadunidense pra chorar pitangas pela peraltice do Equador, que ofereceu o asilo político ao cabra? Acorda, meu! Tá tudo interligando! Vai chegar uma hora em que vc vai ter que se decidir, entre a segurança rançosa e a liberdade explosiva. Entre sua vidinha detrás do computador e a advocacia pro sabará! Tá chegando a hora, rapazinho. E, cá entre nós, parabéns pela escolha. Não fuja de nós não, viu? Se continuar conosco, os dupla-personalidades, vai se divertir muito.
CMU - against the world.