domingo, outubro 31, 2010
quarta-feira, outubro 06, 2010
O Casamento.
A cerimônia mais bonita, sem dúvida, foi perfeita por isso e todo o mais. E era só a primeira parte.
Ainda vinha a festa.
E veio, bah, tchê, mazá e todas as demais adoráveis interjeições que tanto ouvi esses dias, veio A Festa. Vieram os discursos (tá, a tentativa de discurso dele hehe), a comida maravilhosa, os vinhos, o uísque, até meu bom e velho Jack veio (e com sua vinda, foi-se minha compostura).
Veio sobretudo o clima mágico de harmonia (ainda tava sóbrio, Bronza, eu senti isso mesmo, te falei na hora). Uma festa é mais que a perfeição comida+bebida+decoração+música, como de fato foi.
As pessoas, na real, são a festa.
E foi nítida a sensação de que todos ali estávamos na mesma vibe. Todos ali ornamos ehe. Vi isso, com mais destaque, em três oportunidades. No meu próprio casamento, nos idos de 2003, no do Bronzinha e Braba, quinze dias depois e agora, sábado, no do Daniel (fião-irmão) e Débora (cunhada).
Braba, podíamos inserir aqui tudo o que fomos falando no decorrer da festa, mas o texto não acabaria, diz aí. Bora resumir.
A foto que o Bronza publicou dá o clima exato do que foi. É como se todo mundo ali estivesse, de alguma forma, apaixonado também. Pelas pessoas, pelo momento, pela Vida.
Uma verdadeira festa é isso.
Dá-nos isso.
Até fotinho com o Barão do Rio Branco tiramos (po, gente, desculpa, ele é a cara!)!
E, cunhada, suas amigas são lindas!
Lembro, em flashes, de ter falado à mais linda, algo como: não estou em condições de te paquerar agora, mas vou te adicionar no facebook.
(Deus do céu).
Bronzinha e Braba, meus parceiros favoritos de festas e-todos-os-demais-eventos: lembrem de minha teoria do elastiquinho. Vai ser bom! Eu amo vcs, compadres.
Meu irmão, minha cunhada: obrigado pela Honra que foi poder participar desse momento inesquecível. Que tudo o que teve de bom e bonito se converta imediatamente em felicidade pra vcs. Hoje e sempre. E, como sempre escrevo nos cartõezinhos:
- Felicidade aos Noivos!
Fotinho pelo Bronza.
segunda-feira, outubro 04, 2010
Que pena.
Adoraria te ver por um segundo aqui ao lado, com aquele risinho de canto de boca, devidamente trajado de camisola branca até o chão e sandálias, tocando seus boleros na harpa.
Quando tentou me explicar, acho que entendi tanto quanto vc me mostrava o Serginho Chulapa, pequenino, com a 9, na TV. Pra mim, todos os jogadores tricolores eram iguais.
Foco.
Se o céu fosse como eu imaginava aos quatro anos, eu poderia te espiar aqui ao lado, sentado numa nuvem assobiando 'contigo aprendi' e, pela janelinha do assento 3F do voo 1240, ver com meus olhos físicos que vc está bem, aprendendo e ensinando, conhecendo e curtindo.
Acho que foi pra Porto Alegre que vc deixou de viajar em 76, de última hora, porque fiquei internado e vc desesperou. A mamãe sempre fala que a única coisa na vida que te tirava do teu centro era doença de filho. Qualquer resfriadinho. Quando chegar, preciso mesmo falar com a mãe pra passar os dados do TED, daí pergunto. De qualquer forma, eu e vc iremos juntos à casa do Mario Quintana, correremos juntos no Gasômetro, tomaremos juntos o café da viagem e, quando finalmente eu beijar uma gaúcha, vc pode voltar por uns minutinhos pra resolver tuas coisas do céu, que infelizmente não é esse aqui (ou felizmente, turbulência fiadaputinha: tem um sujeito na 3D que é a cara do Hurley. Se ele me cumprimentar com um “hey, dude”, eu saio gritando, te juro).
Enfim, eu quero te dizer, aqui no céu, que ontem, lá no chão, eu não coube em mim.
Eu vi as fotos, pai. Em 1970, vc estava com um shorts psicodélico (parece que foi uma das únicas roupas que te sobraram), sem camisa, cigarro numa mão, de pé na canoa, a outra mão apontando o nível da água da enchente, que levou todos os teus bens materiais embora. 10 anos de todas as tuas economias gastas na melhor biblioteca de ciências sociais que vc pôde montar, em menos de 24 horas virou lodo. E vc sempre contou isso com a serenidade que me impressionava.
Eu tenho vontade de chorar quando penso que a maioria das pessoas ficariam se lamentando profundamente, enquanto vc foi até a obra que abrigou o vô e a vó, pegou o par de alianças que tinha comprado e pediu a mão da mãe em casamento. E, na primeira viagem pra SP, começou a comprar novos livros.
É por isso que eu repito: pode acontecer qualquer coisa comigo (menos, talvez, resfriado de um filho que ainda não tenho) que, no dia seguinte, eu recomeço a comprar os livros. Gostaria sinceramente que todos os três ou quatro leitores internalizassem isso e pudessem também, logo após as turbulências (hey, dude), dirigir impávidos como Muhammad Ali suas canoas, pra comprar seus livros.
Enfim.
Eu lembrei da foto da canoa, quando comprei meu jipe ontem.
Tenho muito orgulho, mas muito mesmo, de vc e o vô ulisses serem dois homens de moral, do vanzolini “reconhece a queda/não desanima/levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”.
Sabem de uma coisa? Eu sou também, graças a vcs.
Vc transformou a relação dos teus filhos com o céu.
A Naninha saltou de pára-quedas há vinte dias (mamãe dizendo que não reza mais pra filha, não vai mais perder tempo, se sentiu traída, foi de rolar de rir) e, ao chegar ao solo, gritou em primeiro lugar: “te amo, pai!”. Já em casa, disse que se sentiu pertinho de vc, no céu.
Eu te procuro nas nuvens (tenho certeza que ela pensou a mesma coisa anteontem, ao ir tomar cerveja alemã na fonte), pela janelinha.
Graças à tua força, quando perdeu tudo e imediatamente passou a reconstruir (sem revolta, sem questionamento, sem lamento), tua filha vai pra Alemanha nas merecidas férias. Teu filho do meio dá todo o suporte à tua esposa e nossa mãe. Eu, batendo a cabeça, errando pra caramba, fazendo loucura calculada (como aparar uma barba por fazer), compro jipe e visito canyons. E não éramos nem nascidos.
Devemos nossa possibilidade de sonhar e realizar àquele moço magro da foto, a esse tocador de boleros na harpa.
Muita saudade.
E fica tranquilo, não estamos resfriados.
Mas se estivermos, tomaremos Tylenol.
Te amo.
Continua comigo.
E obrigado, pelo jipe!