quinta-feira, setembro 27, 2007

DIREITO DE RESPOSTA

Há algumas declarações conclusivas após esse texto.
***
Não, eu não vou descumprir o pacto com o presente post. Nem tampouco descambar para a zombaria. Nem cair em tentação e responder como deveria para um comentarista sumido e coloradito, que se misturasse as cores da camisa sem graça com a calçola branca que usa em campo jogaria de rosinha. Também não comentarei algo que não seja o conteúdo do texto, a pedidos (expressos, por sinal).
Todavia, o que jamais poderei aceitar é a bitola, o cabresto de quem pretende ditar o estreito caminho do que se comentar. Nanão. Eu vou é exercer o meu direito de resposta.
Os versos em tela parecem realmente ser de João Cabral, sobre cuja sobrevida espero o pagamento de uma aposta, há mais de dez anos, aposta esta travada aos ventos da praça de outro João, o Mendes Júnior. Não tergiversemos, porém.
Os versos em tela parecem realmente ser de João Cabral. Mas Mérvio utilizou-o da maneira que o golb gosta: com um leve desviozinho, praticamente imperceptível, mas que, scoobydoobyanamente pretendo agora elucidar.
O sutil estratagema é levar para passear em Tróia o cavalo-elogio, em cujos intestinos ocos guarda-se a crítica ferina e mordaz. Ou os "pontos fracos" tão alardeados pelos robertos carmonas, pelos antonios roques, pelos pelos pelos, enfim, por esses todos.
Uma goleada por 5x0 desse time é improvável, embora tenha-lhe sobrevindo outra por 6x0, contra o Paraná Clube. Lembra, com isso, que o time não faz tantos gols como deveria fazer um líder.
Aduz que o futebol desse time é hipnótico, para em seguida ilar-se-lo à sonolência. Refuto e impugno tal assertiva, veementemente. Exemplos recentes não faltam.
Reconhece, eufemisticamente até, a solidez da defesa, para em seguida ilar-se-la ao conceito do futebol italiano, como poderia ser o alemão, talvez o inglês, em que falta a ginga e a graça brasileiras. Refuto e impugno tal assertiva, mas deixo de ir adiante, sob pena de imputarem-me o exagero e a desproporção.
Move-se em campo como se tivesse pouco interesse pelo gol. Refuto e impugno tal assertiva. Mas a frase seguinte, a de que prevê o gol, aleluia, parece desnaturar a primeira idéia, ou, antes, explicá-la. Então, passa.
Constrói um pouco sólido ápice de cartas de baralhos, valetes, damas e reis, afirmando a falta de avidez e brilho das máquinas goleadoras. É o que mais ouço nos programas esportivos de rádio, entre rir e xingar os comentaristas.
Edifica alguns dois, três, pica-fumos, espadilhas, setes de copas nesse ápice esponjoso, alegando que esse time irrita a torcida. Interessante, eu não me sinto irritado, não. Talvez seja uma impressão do consultor. Mas qual será o zape, qual será o zape?
O zape de Mérvio é um "Mas ganha". MAS ganha??? Como assim, Mérvio? *E* ganha. Um *E* enorme, um *E* hediondamente garrafal ganha. Esse pode não brindar sua torcida no momento com um time tão desenvolto como o dos anos anteriores. Mas a garra com que joga, o companheirismo de todos, a valentia de um aluísio, que entre chumbo e lesma é um baita de um bom caráter extracampo e um guerreiro, jogando e correndo e levando aquela bola até a bandeira de escanteio com o músculo estirado até o final. Um futebol compacto, envolvente, sólido sim, e mais que isso: consciente, solidário, uma onda objetiva e bela em direção ao gol, como isso tudo em evolução e arte poderia me irritar, Mérvio? Mérvio, desculpaí, mas esse time joga bem E ganha.

Atenciosamente,

Madureira, o puro de alma (nesse post, ao menos).
***
Colorado sumido, vc é meu chapa e não deixe de vir aqui não, cabrobó.
*
Esse texto não é irônico, a não ser na parte da aposta, que não tem nada a ver com futebol.